Entre sexta-feira e domingo, a Feira do Mel regressa, uma vez mais, à vila de Pedras Salgadas, para promover não só uma atividade de referência na região, mas também o trabalho das dezenas de artesãos locais que trabalham em barro, granito, madeira, ferro e linho.
O certame, este ano, vai divulgar uma atividade que sofreu uma quebra de produção na ordem dos 30 por cento no concelho de Vila Pouca de Aguiar.
Neste município há cerca de 90 apicultores, cinco mil colmeias e a produção de mel foi na ordem das 35 toneladas em 2019.
Carla Brites, técnica da Associação Florestal e Ambiental de Vila Pouca de Aguiar (Aguiarfloresta) disse à agência Lusa que, este ano, se verificou uma quebra na produção de mel de “cerca de 30 por cento” comparativamente com o ano anterior.
A responsável explicou que a diminuição se deve principalmente “ao clima”, ao tempo irregular com dias quentes seguidos de frios. Esta é uma atividade que está muito dependente das condições meteorológicas e os últimos anos têm sido instáveis.
João Campos, apicultor há 35 anos e que possui um apiário com cerca de 60 colmeias, afirmou que este tem “sido um ano de baixa produção de mel”.
Aliás, acrescentou, as quebras na produção verificam-se há “quatro anos consecutivos” e, no seu caso, já atingem os “60 por cento”.
“Em abril é quando as abelhas começam a meter mel, quando a floração começa a rebentar e depois, no início de maio, veio a chuva e frio e as abelhas comeram o mel que tinham nas colmeias”, explicou.
João Campos disse que a atividade “ainda compensa” apesar das "muitas despesas", entre ceras, tratamentos e alimentação.
Carla Brites alertou para as alterações climáticas e defendeu que os produtores devem produzir “novos produtos mais valorizados da colmeia”, como o pólen ou própolis.
“Com as quebras na produção de mel, quem está mais dependente da atividade vai procurando novas alternativas”, salientou.
É para divulgar e promover esta atividade que a câmara de Vila Pouca de Aguiar realiza há 18 anos a Feira do Mel, na vila de Pedras Salgadas.
“Apostamos nesta feira porque, de facto, de ano para ano tem vindo a evoluir e a ter mais pessoas a visitá-la”, afirmou Ana Rita Dias, vice-presidente da câmara de Vila Pouca de Aguiar.
A autarca referiu que durante os três dias da feira os apicultores conseguem escoar o seu produto e salientou que todos os anos há novos produtores a quererem participar no certame.