Quarta-feira, 1 de Maio de 2024
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Adérito Silveira
Adérito Silveira
Maestro do Coral da Cidade de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Fernando Fraga Pinto – Uma luz que mudou de lugar

É sempre doloroso quando um bom amigo parte. E logo se sente uma espécie de bruma fria, frio que racha e que corta. Há amigos que são para sempre e continuam a rejuvenescer na lembrança do tempo que corre, como sonho que perdura.

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Há amigos que souberam estar na vida entregando-se ao sentimento nobre da amizade, souberam enriquecer a sua vida ao estreito círculo familiar, marcados pelo desejo de criarem um lar pejado de sonhos, lar impregnado de paixões nobres pelas coisas belas da vida.

Há amigos que quando partem, sente-se de imediato a saudade de uma ausência como se a lembrança da ternura fosse compacta, densa e dolorosa.

Dava gosto falar com Fernando Fraga Pinto, porque respeitava os silêncios, porque dignificava as amizades que se transformavam num fruir de um bem-estar comum, nele havia sempre uma lição na compreensão das coisas, eficácia e modéstia que testemunhavam uma grandeza de espírito pouco comum.

Não, não guardava rancor nem ressentimentos, porque tinha sentido de perdão, dimensão enobrecida de alma, apanágio dos homens bons, afetos a uma constelação aristocrática no melhor sentido como marca reluzente dos eleitos deste mundo.

Mas o tempo se encarregará de o lembrar justamente na dimensão do seu valor como homem justo, abnegado em todos os seus compromissos profissionais, familiares e sociais, sempre movido pela aura do humanismo e iluminado pela centelha da luz e da razão.

“Esta vida é como um solo infinito de um violino que se desprende tocando triste um sopro em cordas magoadas… e o violino toca cada vez mais baixo já quase em solidão e abandono, como que a despedir-se do mundo dos vivos”

E porque sempre trazemos connosco, nos olhos da alma, uma rua, uma casa, um bairro, um amigo, havemos de trazer nos nossos pensamentos Fernando Fraga Pinto quando quisermos lembrar um homem marcante na vida de tantas pessoas: um homem fácil de sorrisos discretos mas contagiantes. E devemos lembrá-lo com um sorriso enquanto ele existir nas nossas agradáveis memórias.

Deixou-nos com pena deste mundo, onde foi feliz, alumiando, ele, a insensatez de tantos retrógrados pensamentos e pensadores, com o seu exemplo de vida transparente e esclarecido. Fernando Fraga Pinto criou no seu percurso de vida raízes fecundas de boa conduta cívica que hão de perdurar no tempo.

Esta vida é como um solo infinito de um violino que se desprende tocando triste um sopro em cordas magoadas… e o violino toca cada vez mais baixo já quase em solidão e abandono, como que a despedir-se do mundo dos vivos. Fernando Fraga Pinto foi uma espécie de poeta da música pelas palavras que lhe saiam de dentro, porque sempre leal para consigo e fiel com os outros, poeta crepuscular dos sonhos e das esperanças nunca derrotadas pela sua força de viver.

Os sorrisos tão frequentes nele, permanecerão nos olhares de quem soube olhá-lo, de quem teve a alegria de o conhecer por dentro.

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