Na Sé haverá às 17 horas a Missa própria do dia, saindo a Procissão pelas 18 horas até à praceta da Senhora da Conceição, onde se dará a Bênção do Santíssimo.
Nela costumam tomar parte o Governador civil e as Autoridades autárquicas, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, o Quartel, PSP e GNR, os Bombeiros, os Escuteiros, os Párocos da cidade e termo de Vila Real, os Religiosos e Associações de piedade e apostolado, as crianças e jovens da Primeira Comunhão e Profissão de fé, renovando a todos o convite oficial, e pedindo aos moradores das ruas do percurso eucarístico que enfeitem as janelas e sacadas das casas.
2 – Neste ano da Vista do Papa a Portugal, gostaria de trazer para aqui alguns elementos das celebrações eucarísticas a que Sua santidade presidiu por serem um incentivo para a nossa formação e comportamento.
Em primeiro lugar, o facto de o Papa ter assinalado a sua presença em Lisboa e no Porto com a celebração da Missa.
É que, de facto, a Igreja não tem nada mais sério e festivo para oferecer ao mundo que a Eucaristia. É o seu tesouro, a fonte donde tudo parte e o cume para onde tudo converge. Isto não quer dizer que a Missa seja a única celebração católica nem que deva celebrar-se sempre. Pelo contrário, o chamar-se «cume» indica claramente que há outros passos que é preciso dar primeiro para chegar lá, como sejam desenvolver a capacidade de ouvir e de pensar, o desenvolvimento dos sentimentos basilares de fé, de adoração, de contemplação, de arrependimento e de capacidade de reunir e fazer comunhão com outros. Sem esses sentimentos bem interiorizados, dificilmente se pode celebrar ou participar numa Missa. Está, na ausência desses sentimentos, a causa de muita gente não ir à Missa e dizer que não gosta da Missa. Seria como pretender ir a um concurso de dança quem não sabe segurar a chinela nem controlar o coro. Torna-se hoje necessário recordar esta verdade dada a quebra que se tem verificado um pouco por toda a parte, devido à queda do sentido do sagrado e também da enorme dificuldade de as pessoas se concentrarem.
3 – Este é o segundo aspecto a sublinhar nas celebrações do Papa.
Efectivamente, foi eloquente o silêncio criado no Terreiro do Paço depois da distribuição da Comunhão. Nem foi preciso pedi-lo. A atmosfera espiritual criada até então gerou o silêncio. O mesmo se deve dizer da assembleia em Fátima, ainda que aí já fosse previsível um tal comportamento. Vale a pena recordar que na oração do Terço a que o Papa presidiu na capelinha das Aparições na noite do dia doze, o silêncio e a concentração não foram menores. Para isso muito contribuiu a concentração do Papa e o gesto de ajoelhar e de piedade do Papa: sem qualquer gesto espectacular, sem lenços brancos a acenar, bastando o acender das velas e a belíssima reflexão bíblica e teológica da luz da sarça ardente aqui prolongada pela luz de Cristo, de que «todos, incluindo Nossa Senhora, precisamos, pois «não temos luz própria».
O mesmo facto se notou na celebração no Porto: em plena Avenida dos Aliados e nas ruas convergentes, sem se verem totalmente uns aos outros, aqueles milhares de pessoas, alguns em condições desconfortáveis, souberam cantar e souberam guardar um silêncio religioso profundo. Dizem os observadores de outras assembleias de santuários congéneres que isto é típico de Fátima e do seu reflexo.
Não sei se todos reparam que, além do silêncio depois da Comunhão, o Papa guardou sempre um pouco de silêncio depois das homilias. É isso que a Igreja prescreve, mas que raramente se faz, umas vezes porque se falou demais e é preciso recuperar tempo e, outras, porque se deu um tom de lição à homilia e o silêncio não vem a propósito. Todos temos aqui muito que aprender.
4 – Finalmente, não passou despercebido que no bordo do altar da celebração, em frente ao Papa, estava colocado um Crucifixo entre duas velas.
É um gesto novo que não vem nos livros litúrgicos, mas que o Papa usou pedagogicamente. Bento XVI vem a insistir há anos que a posição do altar voltado para o povo não pode significar que o padre «esteja a celebrar a Missa voltado para o povo», tendo o povo como objectivo da sua oração, como se tratasse de uma assembleia em que ele é o animador. Pelo contrário, o Padre e os fiéis celebram «voltados para Deus», o destinatário de toda a acção litúrgica.
Este sentimento era mais perceptível no rito antigo quando o padre celebrava de costas pata o povo, sentindo todos que olhavam para longe na mesma direcção. Com a alteração da posição do altar, essa direcção interior tem de se manter, mas temos de convir que ela se torna mais difícil, e o padre é tentado a assumir-se como líder da assembleia, o que seria um erro. O gesto do Papa e dos mestres que o acompanhavam não irá certamente transformar-se em regra, mas fica como chamada de atenção muito oportuna.
Algo semelhante se pode dizer do gesto que o Papa cultiva de dar a Comunhão eucarística directamente na boda dos comungantes que, muitas vezes, até se ajoelham. É que o gesto da distribuição da comunhão na mão, sendo intelectual e doutrinariamente correcta, não foi devidamente interiorizado e vem a constituir um perigo de banalização e quebra do respeito devido a Jesus Cristo na Eucaristia. Aos pais e catequistas tenho recomendado há muito que na Primeira Comunhão se coloque directamente na boca a Comunhão e se fale sempre de «receber Jesus» e não «receber a hóstia», ficando elo sinal sacramental. Só a partir daí, se deve abrir a hipótese de elas escolherem outra hipótese, sem a impôr, porque a comunhão na mão nunca foi uma obrigação para ninguém, ficando aos fiéis o direito de escolher. E não se venha falar do paralelo da Comunhão com a nossa refeição humana, onde o adulto come pela sua própria mão. As comparações claudicam e esta é uma delas. Eduque-se dignamente o povo, e deixe-se aos fiéis o direito de escolherem.