Episódios de um jogo de futebol que se perspectivava muito interessante, entre equipas muito próximas na tabela, ombreando por entrarem na luta por lugares mais condizentes com o historial de ambas as turmas. Apesar de todos os condimentos haverem sido lançados numa boa base de preparação, faltava uma equipa para completar o “ramalhete”: a equipa de arbitragem. Nomeado pela Associação de Futebol de Vila Real estava Ruben Pereira, que, surpreendentemente, ou não, optou pela falta de comparência. Ora, mandam os regulamentos que se terá de encontrar alguém, entre os presentes, para arbitrar a partida, sob pena de as duas equipas não serem prejudicadas pontualmente e sabe-se lá mais o quê, pela falta de alguém aquém, com certeza, nada lhe acontecerá… Coisas regulamentares que nada interessam agora, apesar do atraso de 45 minutos com que se iniciou a partida, sendo o homem do Gilberto Patuleia, árbitro filiado na Associação, que se deslocou a Fontelas, meramente, para assistir à partida que se iria desenrolar. Caso à parte, os fontelenses tiveram uma entrada demolidora.
Com uma equipa muito idêntica à que havia terminado num nulo, frente ao Fernão de Magalhães, na anterior jornada, os donos da casa entraram concentrados e confiantes, procurando, através de desdobramentos ofensivos rápidos, surpreender o sector mais recuado dos visitantes. Num desses momentos, Paulo lançou pela ala esquerda, Nuno Mesquita, que se desembaraçou, facilmente, de um contrário, rematando cruzado de forma eficaz, abrindo a contagem. A resposta ofensiva adversária acabaria por ser inofensiva, com tiros de “pólvora seca”, quase sempre fáceis de resolver, ora pelo quarteto defensivo, ora pelo guardião Hélder. Novo desdobramento rápido, novo golo, este, apesar de tudo, bem mais trabalhado. Depois de um lançamento de linha lateral, bola para Nuno Mesquita que experimentou, da quina da área, a sua pontaria. Em tarde de afinação, tudo lhe saía bem e Zé Fininho tornava-se impotente para evitar que as bolas rematados pelo dianteiro fontelense terminassem no fundo das redes. O Colmeia procurava responder, novamente, à diferença no placar, denotando-se o inconformismo do trio ofensivo, muito visível na garra, constante, de Steven. Ainda assim, tanto inconformismo acabava em nada e os fontelenses contavam com a eficácia ofensiva como arma prioritária para ampliar o resultado. Nuno Mesquita completou o “hat-trick” ainda antes do final da primeira metade, num golo de grande espectáculo, já que, depois de um grande lançamento da intermediária, a conclusão foi simples mas de uma qualidade, a todos os títulos, notável, em “chapéu”, deixando o guardião pregado ao solo. O vencedor do jogo, tendo por amostragem os primeiros 45 minutos, estaria encontrado, a manterem-se as condicionantes.
O Colmeia regressou dos balneários mais afoito, empurrando os fontelenses para a sua intermediária, revestindo-se o jogo com a grande solidez defensiva construída, marca registada de uns fontelenses moralizados. Os visitantes atacaram mais, mas nunca foram suficientemente ofensivos para fazer perigar, de forma clara, as redes dos fontelenses. Ofensivamente, os donos da casa foram perdendo protagonismo, e só de remates de longe o perigo surgia, com Nuno Mesquita, em segunda metade mais apagada, a rematar à barra. A entrada de João Pedro, treinador e jogador dos visitantes, ao mesmo tempo da expulsão do guardião fontelense, por acumulação de amarelos, veio relançar o investimento ofensivo. Resultado disso mesmo, o experiente atacante dos visitantes revelou que ainda não perdeu os seus dotes de remate, com uma conclusão de fazer inveja a alguns jovens atacantes que por esse país andam: à entrada da área, um remate, sem a bola haver caído ao solo, directamente ao ângulo da baliza, agora à guarda de Mário Rui, que não esboçou a mínima reacção. O golo motivou, ainda mais, os visitantes que procuravam outra felicidade, apesar do estado confortável com que os fontelenses se apresentavam, em inferioridade numérica. No tempo de compensação dado, nada de significativo acabaria por surgir e o resultado manter-se-ia inalterado até ao apito final.
Vitória justa dos fontelenses que assim, no regresso a casa, voltam às vitórias e ganham distância na luta directa com o seu adversário desta tarde. Os alicerces criados através da moralização dos golos e vantagem obtida na primeira metade, permitiram-lhes assegurar os 3 pontos em disputa, numa segunda metade de maior contenção, mas com um índice maior de segurança.
A equipa de arbitragem, improvisada à última hora nas bancadas, acabou por registar um bom trabalho global, com decisões, geralmente, correctas, algo que saúda para alguém que apenas se dirigiu até àquele local para assistir a uma partida de futebol.
Jogo no Campo Dr. Rui Machado, em Fontelas
Árbitro: Gilberto Patuleia, da Régua
Auxiliares: José Félix e Paulo Ferraz
FONTELAS – Hélder; Hugo Ermida, Chico Vasques, Norberto e Ika Ferraz; Dany, Caleiro e Paulo (Fábio, 62’ depois Mário Rui, 75’); Toni Trindade (Tó Félix, 52’), Nuno Mesquita e Hugo Ferraz
Suplentes não utilizados: David Micael, Pedro, João Borges e Hugo Bareta
Treinadores: Marco Maleiro
Capitão: Toni Trindade
COLMEIA – Zé Fininho; Gilberto (Aldeia, 46’), Zé Beça, Fernando Gil e Ambrósio; Filipe (João Pedro, 74’), Alfredo e Hugo; Rui Costa, Steven e André
Treinador / Jogador: João Pedro
Capitão: Fernando Gil
Ao intervalo: 3 – 0
Cartões Amarelos: Hugo Ferraz (39’), Hélder (40’ e 73’), Mário Rui (90+4’) e Chico Vasques (90+5’) para o Fontelas; Fernando Gil (40’), Rui Costa (60’) e Steven (69’ e 88’) para o Colmeia
Cartões Vermelhos: Hélder (73’, acum.) para o Fontelas; Steven (88’, acum.) para o Colmeia
Marcadores: Nuno Mesquita (6’, 21’ e 38’) para o Fontelas; João Pedro (86’) para o Colmeia