Já começou a primeira fase de obras na Linha do Corgo, uma intervenção que, segundo Ana Paula Vitorino, secretaria de Estado dos Transportes, “compreende o levantamento da superestrutura e reperfilamento da plataforma da linha”, um investimento de 4,4 milhões de euros e que deverá estar concluído em 135 dias.
A secretária de Estado esteve em Vila Real, no dia 21, exactamente para presidir à cerimónia de consignação das obras, à margem da qual recordou que o Governo cumpriu o estipulado com as populações a 31 de Março, quando foi garantido “que as obras começariam dentro de quatro meses”.
Prevê-se que as restantes empreitadas, que permitirão a activação da Linha do Corgo, estejam concluída até ao final de 2010, depois de um investimento total de quase 23,4 milhões de euros. “Está tudo a ser preparado para que não haja falhas”, revelou a governante, deixando mesmo o desafio à Rede Rodoviária Nacional (REFER) para que “tente antecipar” a abertura da via-férrea, o que “seria bom para as populações que a utilizam”.
Ana Paula Vitorino deixou a certeza de o Governo não querer “o círculo vicioso que na década de 90 conduziu ao abandono do caminho-de-ferro” em Portugal, pretende sim “criar um ciclo virtuoso em que as pessoas sejam confrontadas com uma boa oferta”, porque “só assim se poderá aumentar a procura e justificar os investimentos públicos”.
Prova disso é também o esforço que está a ser feito, a nível nacional, na regeneração do material circulante. “Aliás, neste momento está a decorrer um concurso vastíssimo para a aquisição de material circulante para grande parte das linhas, o que fará com que exista um melhor serviço em toda a rede ferroviária nacional”, explicou a mesma responsável, deixando ainda a promessa de que haverá depois uma segunda fase desse projecto “para as linhas de menor procura”, como é o caso da Linha do Corgo e do Tâmega.
Mais, Ana Paula Vitorino mostrou–se muito confiante no reaproveitamento do troço Pocinho/Barca d’Alva, adiantando que o Governo “está em vias de assinar um protocolo com a REFER, a CP, a Estrutura de Missão do Douro, a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento da Região Norte e empresas privadas no sentido de dinamizar a sua reabertura.
Apesar “das estimativas de procura não justificarem sequer um comboio por semana”, a secretária de Estado acredita no aproveitamento da linha, “não para fins exclusivamente de mobilidade normal e corrente, mas também para fins turísticos”.
“Podemos promover pacotes turísticos. O Douro do lado do rio, das encostas, o Douro do caminho-de-ferro ou das instalações portuárias de lazer que estamos a desenvolver com o Instituto Portuário de Transportes Marítimos ao longo das suas margens”, explicou.
Luís Filipe Pardal, presidente da REFER, lembrou que as intervenções nas Linhas do Corgo e Tâmega, não surgiram por acaso, não foram inesperadas, pelo contrário, resultaram de “orientações claras, de linhas estratégicas lógicas e coerentes pensadas desde 2006”.
No caso da Linha do Tâmega, nesta primeira fase, a empreitada engloba a intervenção entre os quilómetros 0,4 e 12,8, e foi adjudicada por quase 2,5 milhões de euros, contando com um prazo de execução de 75 dias.
De recordar que as duas linhas foram suspensas a 24 de Março no seguimento de um inquérito promovido pela REFER aos acidentes registados na Linha do Tua que revelou “preocupantes conclusões”.