Para já, o antiviral Tamiflu está disponível em praticamente todos os estabelecimentos. Esta realidade foi constatada pelo Nosso Jornal nos contactos encetados com algumas farmácias das principais cidades e vilas do distrito de Vila Real. Todavia, estes estabelecimentos já começam a preparar-se para uma eventual pandemia. Além de panfletos de informação sobre a doença, distribuídos pela Direcção Geral de Saúde, já disponibilizam vários produtos desinfectantes e máscaras, além do antiviral Tamiflu que ainda “abunda” nas prateleiras, tendo uma procura residual. Uma situação muito diferente do que acontece com as farmácias dos grandes centros urbanos do litoral.
Na cidade da Régua, as farmácias ainda não sentem “qualquer sinal de ansiedade ou pânico dos utentes”. “Às vezes, lá aparece um ou outro cliente que faz umas perguntas. Quanto ao Tamiflu ainda há muitas caixas”, contou um dos técnicos de farmácia.
Em Valpaços, a situação é idêntica. “Até agora, não tivemos qualquer sinal de preocupação por parte dos utentes”. “O antiviral Tamiflu não se vende, pois é necessária a receita médica. Acho que as pessoas ignoram uma realidade para a qual devem estar preparadas. Não usam o simples lenço de papel, tossem junto das pessoas e não adoptam as regras básicas de higiene”. O proprietário de uma das farmácias desta vila teme que esta situação se pode alterar de um momento para o outro. “Penso que as pessoas só vão ficar preocupadas quando virem um familiar, amigo ou vizinho infectado com a Gripe A”.
Em Pedras Salgadas, um técnico de farmácia local expressou alguma apreensão sobre o alastramento da doença e o seu efeito na população. “É uma espécie de bola de neve que pode crescer a qualquer instante. Para isto concorre também um pouco a abordagem constante da Comunicação Social que tem uma perspectiva positiva, mas, às vezes, involuntariamente aumenta a ansiedade nas pessoas. A informação é útil, mas depois o enquadramento dos números, dos casos que se vão multiplicando, cria algum receio”. Em relação à procura de antivirais “só tem acontecido esporadicamente”. “As pessoas sabem que é um medicamento que só se deve utilizar quando o vírus está instalado”, sublinhou. Este técnico de farmácia referiu ainda que no seu estabelecimento criou “quase uma biblioteca” sobre a gripe A. “Enquanto as pessoas esperam para ser atendidas, vão lendo sobre a gripe e os cuidados de higiene que devem ter. Assim, tem mais informação e mais ferramentas de apoio. A higiene é um factor extremamente importante, nomeadamente a manipulação, os contactos. Paralelamente a isso, também é necessário ter sorte, pois é um vírus que anda no ar”, disse. A constatação de um clima de tranquilidade também é sentida em Pedras Salgadas. “Para já, as pessoas parecem serenas, mas não sei se isto está camuflado. Quando se começa a conversar com os utentes, observo que ficam preocupados. Em Trás-os-Montes ainda não estamos preparados para enfrentar uma pandemia”.
Na cidade de Chaves, uma responsável farmacêutica também confirmou que “a gripe A parece estar a passar ao lado das preocupações da população”. “As pessoas ainda não se consciencializaram sobre o problema. Aqui e nas outras farmácias não temos tido procura do Tamiflu ou outros anti-gripais. Para já, está tudo calmo e sereno.
Em Ribeira de Pena, o cenário também não muda. “Não constatamos ainda indícios de pânico ou medo por parte dos utentes. Mas, tudo pode mudar de um momento para o outro”.
Em Vila Real, as farmácias estão preparadas para informar e aconselhar a população (como na generalidade do distrito) sobre a Gripe A. Numa consulta a algumas farmácias, a procura por desinfectantes para colocar nas mãos parece ser o sinal mais evidente do cuidado a ter com a transmissão da doença. “Não procuram informação sobre a gripe. Pedem mais desinfectantes e nós ensinamos as regras básicas de higiene, sobretudo na lavagem das mãos. Nota-se que há um desconhecimento total sobre a doença e só querem o desinfectante quando vão de férias”, contou, ao Nosso Jornal, uma proprietária de uma farmácia. “Além de um infantário que pediu preços de máscaras, não há mais nada de especial. Parece que está tudo calmo e sereno, ninguém está com medo. E quanto ao Tamiflu? Tenho mais de uma centena de caixas”, acrescentou.
Refira-se que o Plano de Contingência das Farmácias já foi elaborado em articulação com as orientações da Direcção-Geral de Saúde, no sentido de manter os serviços essenciais em funcionamento e de minimizar a propagação do vírus.
Pela proximidade em relação às populações e pela distribuição geográfica, as farmácias assumem um papel importante no seguimento e promoção das medidas consideradas adequadas. São a garantia de que os cidadãos vão manter o acesso a serviços e bens essenciais numa situação de pandemia gripal.
Os últimos números da Direcção-Geral de Saúde até ao fim da última terça-feira apontavam para 1542 casos de infecção pelo vírus H1N1. As idades situam-se entre 11 meses e os 70 anos, mas a maioria continua a ser entre os mais novos. A idade das pessoas mais afectadas situa-se entre 11 e 20 anos.
Até anteontem nove pessoas estavam hospitalizadas, mas apenas quatro tinham um “prognóstico reservado”, nos Hospitais de São João, Curry Cabral e Leiria, explica o ministério da saúde. Todos os outros casos apresentam uma situação clínica estável e deverão ter alta hospitalar nos próximos dias.
Recorde-se que o principal medicamento apontado para o tratamento do H1N1é o Tamiflu ou Oseltamivir apenas acessível com receita médica.
A OMS já afirmou que a gripe A vai chegar a quase todos os países do mundo e prevê que um terço da população mundial venha a ficar infectada.