São permanentes os apelos a uma atitude colaborante. Do Presidente da República, do Primeiro-Ministro, dos membros do Governo, dirigentes e profissionais da saúde. Sempre que podem, apelam a uma atitude cívica, de colaboração com as medidas e o trabalho que desenvolvem na luta contra este vírus, vindo do Oriente, que chegou até nós e que, de momento – domingo – tornou a Europa a região mais preocupante na Organização Mundial de Saúde pelos países abrangidos. Europa que, em momentos anteriores – 2003 e 2009 – conseguiu passar, pode dizer-se, ao lado. E que necessários são esses apelos, pois treinadores de bancada, numa situação destas, são muitos, tal como no futebol. Só que, neste caso, as consequências são bem nefastas. Ainda bem que também não faltam aqueles que levantam a voz a pedir bom senso aos peritos do “achismo”.
Há dias, numa televisão, um Professor da área da sociologia sintetizava o apelo à atitude cidadã, interpretando-a em termos individuais, de cada um para consigo mesmo, no âmbito de comunidade, já que cada um se insere em pequenas comunidades, que nós podemos designar pela família, pelo prédio em que habitamos, freguesia/vila/cidade, e em sociedade, numa aceção mais ampla. O papel de cada um, nesta crise é fundamental, foi claro. Noutros países, a dar bom resultado.
Quando na passagem de alguns comentários se leem referências com sentido pejorativo a este vírus que, dizem, veio da China, ocorreu-me a atração que, enquanto povo desta Europa que tarda em se reafirmar solidária – mais uma vez, direi –, desde há muito, sentimos pelo Oriente. Foram os contactos que a Rota da Seda proporcionaram, as viagens de Marco Polo na segunda metade do séc. XIII, ou mais recentemente, a Viagem de Vasco da Gama à procura das especiarias. E a atração, sedução, mesmo, que as artes marciais têm sobre muitos de nós é tanta que nos faz seus admiradores, praticantes e campeões em algumas das suas modalidades?!
Pois bem! A China, num gesto magnânimo, dispôs-se a colaborar com a Itália e a Espanha, num combate tão duro ao coronavírus – 19. E nós, no momento em que os cuidados individuais e coletivos devem merecer todo o empenho, se tivermos consciência que cada um, ao “cuidar de si próprio está também a colaborar com todos os profissionais de saúde que cuidam de todos”, estamos a fazer jus ao conteúdo do livro de Thomas Merton que o título deste nosso Visto exprime. Porque, na verdade, “Homem Algum é uma Ilha”.