“Posso garantir que esse assunto já foi para o espaço”, explicou Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal de Vila Real, referindo-se à providência cautelar que levou o Tribunal de Vila Real a penhorar o edifício do Hotel de Parque, para o qual está projectada a construção de um Hospital Privado.
Recentemente foi fixado na estrutura de protecção do edifício inacabado uma notificação que, revelando que “o imóvel está arrestado pela empresa Mercadomus – Mediação Imobiliária, Lda, por ordem do tribunal”, veio dar azo a mais um episódio de uma ‘novela’ que se arrasta há quase 30 anos.
Apesar do anúncio, fixado em três zonas da estrutura de protecção do edifício, o autarca vila-realense é peremptório ao afirmar que, depois de “arrumada a parte formal” o projecto vai prosseguir, prevendo-se que, durante o mês de Setembro, se dê início à requalificação do edifício.
“Já compuseram a vedação e os painéis e admito que durante Agosto, um mês de férias, possa haver algum atraso, mas Setembro será tempo de começar a requalificação”, garantiu o edil.
Mais, Manuel Martins explicou que esteve recentemente com os promotores do projectos e que estes renovaram o interesse, quer o responsável pela constituição do fundo de investimento, quer o que irá avançar com a obra e exploração do edifício, enquanto Hospital Privado, mais exactamente um bloco de residências medicalizadas apoiado por um parque de estacionamento para 140 lugares, projecto da responsabilidade do Hospital da Trofa e do Grupo Existence.
O último passo será a ‘luz verde’ do projecto por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N) que, este ano, já se pronunciou negativamente sobre uma primeira proposta. “O projecto foi reformulado de acordo com a vontade da CCDRN. Só estou à espera que o entreguem para depois levar em mão e pedir que o aprovem no prazo de oito dias, como foi prometido”, sublinhou Manuel Martins.
De recordar que, a sociedade gestora de fundos imobiliários, Fundbox SGFIL, SA anunciou, no início de Junho do ano passado, a constituição de dois fundos de investimento, de 13 milhões euros, de capitais próprios vocacionado para investir na promoção de residências assistidas/medicalizadas e unidades de cuidados continuados, entre as quais está o projecto de transformação do Hotel do Parque.
A Fundbox lançou os dois fundos de investimento imobiliário fechados, denominados “Atlântida” e “Lusitânia”, com capitais iniciais de 5 e 8 milhões de euros, respectivamente, um dos quais destinado à criação da residência assistida vila-realense e outro direccionado para um projecto previsto para Portimão.
Apesar da promessa de requalificação do edifício ter sofrido outro golpe, parece estar cada vez mais próximo o final de uma novela que começou com o abandono da obra de construção da unidade hoteleira de luxo, há mais de 25 anos.
Situado na Avenida 1.º de Maio, o Hotel do Parque conta, na sua história, com episódios que envolveram a hipótese de demolição, a sua reconversão num edifício de habitação e escritórios, a sua vertente de abrigo a toxicodependentes e, mesmo, o assassinato de um dos herdeiros, residente no Brasil, o que levou, na altura, ao retrocesso nas negociações entre os proprietários e possíveis compradores.
“Vila Real precisa deste investimento, precisa do emprego que vai ser gerado, precisa de animar a zona histórica que fica mesmo ao lado”, lembrou Manuel Martins, deixando uma garantia àqueles que sempre tentaram “por um pau na engrenagem” do processo: o projecto vai avançar e, “com muita satisfação minha, vão ter que engolir mais essa”.