O Auditório teve a visita de um painel assistente numeroso e atento numa noite fria de janeiro como a que então se verificou. Revi diversos amigos que me presentearam com a surpresa da sua presença e fiz muitos outros amigos que não começo a detalhar com receio de inoportunidade.
O tópico da Palestra que me tinha sido proposto pelo Paulo Afonso (JSD/Bragança) é um tópico complexo. Surgiu no foco que vários órgãos da comunicação social regional e nacional deram ao Índice da Economia de Trás-os-Montes e Alto Douro (IETi) que venho desenvolvendo há um ano e meio. Este índice recolhe a opinião de um painel representativo da diversidade de agentes económicos da região e avalia a perceção sobre a evolução mensal de três dimensões preponderantes para a aplicação dos Rendimentos dos habitantes dos distritos de Bragança e de Vila Real: gastos em consumo, despesas de investimento e fluxos de turismo. O valor mais recente do índice mostra, mais uma vez, um janeiro onde os agentes económicos retraem as despesas e onde, sobretudo, a região – apesar do surgimento das ‘Feiras gastronómicas’ vocacionadas para o fumeiro que tão bem sabe nestas alturas – vê menos turistas a circular.
Além da discussão em torno do IETi, outros pontos de Desenvolvimento Regional foram focados no debate que se seguiu. Um desses pontos prendeu-se com as causas para a atual situação de abandono/esquecimento da região (aliás, estou a preparar um pequeno Ensaio sobre o Desenvolvimento Regional do Interior titulado ‘A Economia do Esquecimento’) mas também outros itens foram colocados no debate, nomeadamente os referidos ‘Caminhos de Futuro’.
A meu ver, o atual Estado do Desenvolvimento assimétrico do nosso país tem um Triângulo de responsáveis: a Educação, o Processo de Políticas seguidas e os Valores dos mais jovens (como já detalhei nas páginas de A Voz de Trás-os-Montes).
Em relação aos Caminhos de Futuro, é necessário que a região e os seus habitantes compreendam a necessidade de estabelecerem uma Estratégia de Desenvolvimento. Em primeiro lugar, a figura do Imperativo Categórico – cada um deve fazer o melhor pela região se se interessa realmente por ela. Muitas vezes, ficar e apostar na região é o melhor para a desenvolver. Poderíamos ser marinheiros como a lenda do Sinbad mas preferimos para a região aqueles que nela ficam, mesmo longe dos holofotes de outras paragens. Em segundo lugar, é necessário que a região coloque as pessoas certas nos lugares de decisão certos, seja em Lisboa, no Porto ou noutros espaços. Os sucessivos erros de ‘casting’ têm conduzido a esta aparente perda de influência da região na captação de investimento público, atenção e até desenvolvimento potencial. Em terceiro lugar, os concelhos realizarem sinergias na captação de investimento e de empregos, gerando Agências regionais de desenvolvimento que já deveriam estar em operação e não ainda em debate. Finalmente, convidar quem interessa para virem ter connosco – não só o Turista da Trofa ou de Vila Franca de Xira mas o investidor (também) do Japão, da Lituânia ou do Reino Unido. Por vezes, quem está mais longe, consegue fazer-se mais Próximo. Aliás, a própria região – espaço de acolhimento histórico de judeus, galegos, castelhanos – tem sido uma Mãe que não esquece. Portanto, sejamos Filhos da Presença e não enteados da Memória.