No final do ano tive que me submeter a um exame, chamado exame de transição, feito no Liceu Nacional de Bragança, tendo sido aprovado. Em consequência disso, foi-me permitido inscrever no Liceu no 5º ano. No final deste ano letivo, propus aos meus pais que seria melhor, para mim, ingressar no Colégio Dom Diogo de Sousa, que começou a funcionar em setembro de 1949 e a partir de abril de 1954 passou a ser propriedade da Arquidiocese de Braga. No dia 30 de maio de 1955, o Padre Elísio Araújo passou a ser o diretor, por Despacho Ministerial. Em 13 de outubro de 1956, foi doado por D. António Bento Martins Júnior ao Seminário Conciliar de Braga, situação que se mantém até hoje. Esta informação pode ler-se na internet, no site do Colégio.
Entrei ali no início do ano letivo de 1967-1968. Ir para Braga foi para mim um momento muito marcante. Mesmo já estando habituado a decidir o meu futuro, considerei que seria um passo muito importante no meu trajeto de vida. E não me enganei. O Colégio era de construção recente, as instalações eram magníficas e tinha professores de reconhecido valor, ou seja, estavam reunidas as condições para eu avançar. Na qualidade de aluno interno, muito me agradou a possibilidade de, às quartas-feiras e aos sábados, poder sair depois do almoço até às 17h00 e aos domingos até às 20h00.
O regulamento era bastante exigente e rigoroso, nada que a mim me preocupasse. O Padre Elísio era um diretor muito exigente e todos nós lhe tínhamos muito respeito. Para mim ele tinha todas as características de um líder. No primeiro ano estive sozinho, compartindo a camarata e os momentos de estudo com os colegas internos e nos dois anos seguintes, passei para um quarto, com o meu irmão Alfredo, falecido, tragicamente, em 1982, num acidente de trator. O Padre Elísio, sempre que subia as escadas para o 4º andar, onde ficavam os quartos, dava uma grande tossidela antes de aparecer no início do corredor. Nos segundos seguintes, era uma grande correria para que cada um regressasse ao seu quarto, no caso de dele ter saído. Também pela manhã, após o toque de levantar, sempre batia à porta do nosso quarto e eu respondia: já estamos acordados. Isto bastava para ele continuar a “ronda”. Num sábado, eu e dois colegas fomos ao cinema à tarde. Como o filme se prolongou para lá do que nós pensávamos, chegámos atrasados ao Colégio. Mal entrámos no hall, demos de frente com ele. De imediato, virou-se para nós e disse: tu, Cordeiro, podes continuar e vós dois vindes ao meu gabinete. Com este gesto ele reconheceu que eu era cumpridor e tinha tido um pequeno deslize. Estes gestos são próprios de um verdadeiro líder.