Mas o vento que passa e que transformou as notícias do nosso país, conforme um dia escreveu Manuel Alegre, agora galardoado (e bem) com o “Prémio Camões”, fez rodar as chamas que mataram tanta gente, em Pedrógão Grande. Daí a não oportunidade de escrevermos “a quente” (desculpem-nos o jogo de palavras) qualquer comentário que seja nesta altura de luto nacional.
Respeitemos o luto, o sofrimento, o desalento de todos nós. Mas não deixemos para trás a necessidade de pensarmos bem em factos dramáticos, horrorosos, inconcebíveis como este.
Um bombeiro foi detido, na semana que passou, por ter causado, propositadamente, cinco incêndios, apenas para poder ter o prazer de os ir apagar com os seus camaradas de corporação. Assim o disse a um juiz, como justificação. Oxalá um dia não estejamos a lamentar a queda de um avião sobre Lisboa, Porto ou Faro por causa de um drone manipulado por um irresponsável que, com o mesmo espírito de “voyeur”, corra logo a recolher imagens da tragédia, enviando-as para um canal televisivo e poder deliciar-se, no sofá de sua casa, a ver o efeito do seu “trabalho”.
É mesmo preciso intervir nestas matérias, com muita coragem política.