Mais: parabéns ao país, por ter percebido, que o senhor dos afectos e das selfies, continuará a acompanhar a nossa vida política, num momento particularmente difícil. O país foi devastado pela pandemia que nos atirou para a cauda da Europa, num verdadeiro desastre económico, social e financeiro, do qual só sairemos, – acabada a Covid-19 –, com uma governação capaz, que olhe mais para o país do que para os interesses político-partidários característicos dos quase cinco anos que levamos de geringonça.
E aqui tem de entrar Marcelo. Como?
Na noite eleitoral, os comentadores esforçaram-se por interpretar os resultados, cada qual com o seu ponto de partida. Uns fazendo desaparecer a esquerda mais radical — PCP e BE —, e outros evidenciando o aparecimento de um fenómeno populista de direita, também radical. A nosso ver tudo o que sucedeu foi mais simples: o eleitorado apreciou o trabalho desenvolvido pelo Presidente em exercício, e manifestou-o numa maioria clara de mais de 60%.
Também não havia opções. À esquerda, nenhuma. E à direita, um epifenómeno chamado André Ventura, que capitalizou o descontentamento da governação da “Geringonça”, e que se esgotará, naturalmente por falta de substrato político. Nestas circunstâncias tem a palavra o novo Presidente, neste seu segundo mandato.
A colagem ao Governo, que Marcelo sempre procurou evidenciar ao longo de cinco anos, foi-lhe conveniente, porque ele não dispunha de instrumentos na Assembleia da República, que lhe permitissem contrariar algumas das propostas da “Geringonça”.
Que, diga-se de passagem, até não tem tanta força como isso. Para fazer passar o Orçamento de Estado para 2021, teve de se sujeitar a aceitar algumas propostas da extrema esquerda (Partido Comunista), que a situação económico-financeira do país, dificilmente comportará.
Isto para dizer que Marcelo dispõe agora de capital político próprio – 61 % é uma grande margem –, para poder virar a agulha da governação, uma vez que, em boa verdade, os parceiros de Costa no Governo já não têm pernas para andar.
Ora nós bem precisamos de uma governação mais assertiva, para ver se o país começa a sair da cauda da Europa. Não é criando empecilhos à iniciativa privada e às empresas que a economia poderá recomeçar a crescer.
Marcelo sabe isto tão bem ou melhor do que nós. Pelo que lhe deixamos aqui este apelo e incentivo.