Já 2008 foi o ano em que registou menos vítimas mortais nas suas estradas, mesmo assim onze pessoas perderam a vida em acidentes rodoviários. Já este ano, de Janeiro a 21 de Março, os distritos de Vila Real e Beja registaram uma vítima mortal (queda do viaduto de Amarante durante a construção da A4, entre Vila Real e Amarante), mas foram os que tiveram o menor número de incidentes rodoviários. Em relação ao nosso distrito e em igual período do ano passado, regista-se uma redução de 4 vítimas e um aumento em igual número de feridos graves. Contudo, esta diminuição de mortos não sossega as instituições e os órgãos ligados à segurança rodoviária do distrito. Luís Bastos, presidente da Associação de Utilizadores do IP4, deu conta disso ao Nosso Jornal, bem como o Governador Civil do distrito, Alexandre Chaves. Uma estrada sem acidentes e sem vítimas é quase uma utopia, mas sempre um objectivo a perseguir. O próprio Plano Nacional de Prevenção Rodoviária (PNPR), publicado em 2003, em articulação com o European Road Safety Action Programme já visava uma redução não inferior a 50 por cento do número de vítimas mortais e de feridos graves até 2010, em referência à média de sinistralidade dos anos 1998 a 2000. Objectivos já conseguidos em 2008. No concelho de Vila Real, os dados referentes às estradas municipais, a GNR registou cerca de 25 acidentes durante Março, mas sem vítimas mortais. Números muito semelhantes a igual período do ano passado.
O Governador Civil do distrito de Vila Real, Alexandre Chaves, valoriza o facto do distrito vila-realense ser aquele, a nível nacional, onde a sinistralidade persistente é menor. “Os nossos condutores têm mais prudência e moderação quando transitam nas nossas estradas. Agora, não podemos descurar isto e queremos que os nossos concidadãos continuem a dar provas de civismo quando conduzem os seus automóveis, porque o automóvel é um espaço de vida e não queríamos que fosse um instrumento de morte”. Alexandre Chaves refere que esta redução de acidentes mortais está relacionada com “a construção da A24 e A7, que melhoraram significativamente a mobilidade, a fluidez e as condições de segurança das pessoas”. Os números significam também que “os transmontanos e alto durienses começam a dar provas de que tem um enorme apego à vida, e que ela não pode ser posta em causa por um acidente”, observou. O representante do Governo no distrito focou também uma outra componente de sinistralidade rodoviária: os atropelamentos. “Faço um novo apelo à moderação da velocidade, à condução defensiva e ao respeito, fundamentalmente nas zonas urbanas, pelos sinais de trânsito e pelos peões, que são ‘os reis’ da cidade. Os automobilistas têm que respeitar os peões, respeitar a vida das pessoas e a sua própria integridade”. Alexandre Chaves aproveitou para renovar os conselhos de boa condução rodoviária, em especial àqueles que visitam a região na quadra da Páscoa. “Nesta altura do ano, há um enorme fluxo de tráfego nas estradas do distrito. Eu apelo aos automobilistas para que moderem a velocidade, assumam uma condução defensiva, respeitem os sinais de trânsito, quer nas estradas, quer fundamentalmente no meio urbano. A Páscoa é festa, é vida e confraternização e depois também é regresso. Queria que todos que viessem visitar o distrito tivessem uma Páscoa Feliz e um óptimo regresso”.
Luís Bastos, presidente da Associação de Utilizadores do IP4, fez também uma interpretação dos novos elementos de sinistralidade. “São números que não deixam de revelar alguma preocupação, nomeadamente em toda a extensão do IP4, entre Amarante e Bragança, onde vamos entrar numa nova época, em que existe muita obra. Por isso, temos que ter cuidados redobrados para evitar casos lamentáveis, como aquele recente da queda do viaduto em Amarante. Os cuidados devem ser não só do condutor, mas por parte de quem faz, de quem fiscaliza a obra e o tráfego, principalmente por parte de quem nele viaja, de quem nele conduz”.
A redução do número de mortes não satisfaz este responsável. “No nosso distrito e a nível nacional, é evidente que há uma diminuição da mortalidade nas estradas, mas também se tem verificado um decréscimo já muito menos significativo. Aliás, já há dados que revelam um aumento do número de acidentes, quer com vítimas, quer sem vítimas”. Luís Bastos defende que é necessário reduzir acentuadamente o número de acidentes. “O problema parece que se mantém, não estamos a conseguir reduzir de uma forma significativa o número dos acidentes nas estradas. Reduzimos sim as consequências desses acidentes. Achamos que, este é o dado principal em relação ao qual as autoridades devem canalizar a sua maior atenção”.
O dirigente também não esqueceu a sinistralidade rodoviária urbana. “É preocupante que em Portugal ainda morra tanta gente quando se atravessa uma passadeira. Devia haver mais radares de velocidade, mas principalmente soluções tecnológicas, designadamente no atravessamento dos locais. É de uma deslealdade absoluta para com o peão ao dizermos atravesse ali, porque ali é que é seguro e depois acontecer um número tão grande de mortes. Por ano, são cerca de 210 mortes em passadeiras, o que é verdadeiramente assustador”.
Luís Bastos abordou ainda a mobilidade urbana na cidade de Vila Real e a importância da melhoria da sua segurança rodoviária. “Em Vila Real, fruto da existência de um gabinete de Mobilidade da Câmara, que não é insensível a esta questão da segurança Rodoviária, temos visto ser aplicados equipamentos de iluminação nas passadeiras. Mas não chega, há que fazer mais, como melhorar as infra-estruturas e educar os condutores”. Além do Gabinete de Mobilidade, Vila Real tem ainda a Escola Fixa de Transito aberta todos os fins-de-semana para que os pais possam levar os seus filhos e ensinar-lhes as regras da segurança rodoviária. “Se repararmos bem, isto acontece aqui em Vila Real e nos países nórdicos, que são países com uma grande atenção para a segurança rodoviária. Neste domínio, Vila Real está no bom caminho”, concluiu.
Os dados referentes ao distrito, colhidos pelo Nosso Jornal, derivam da informação estatística elaborada com base nos mapas de acidentes e vítimas referentes ao Continente (ANTENAS), que enviados diariamente pelas Entidades Fiscalizadoras, mas tem um carácter provisório. O conceito de “Morto ou Vítima mortal”, utilizado neste âmbito, abrange, apenas, as vítimas cujo óbito ocorre no local do acidente ou durante o respectivo transporte até à unidade de saúde.
De salientar que, em 2009, em Trás-os-Montes, o distrito de Bragança registou dez vítimas mortais e 59 feridos graves. Segundo a Autoridade Nacional para a Prevenção Rodoviária, o distrito de bragançano é onde se regista a segunda menor taxa de sinistralidade do país.