Terça-feira, 21 de Janeiro de 2025
No menu items!

Minas de Jales sem investidores

O retomar da exploração mineira, aurífera na zona de Jales, poderá marcar passo. A Kernow Mining, empresa canadiana que está a realizar prospecções na área da Gralheira, garantiu, ao Nosso Jornal, que ainda não há investidores interessados na continuidade do projecto, caso seja viável a exploração de ouro. Para já os trabalhos no terreno resumem-se a um conjunto de pesquisas e extracção de amostras, cujos resultados só deverão ser conhecidos em 2009.

-PUB-

Tim Chambers, representante do grupo em Portugal, em declarações ao Nosso Jornal, garantiu que, nesta fase, existe apenas pesquisa e investigação”.

Num primeiro relatório publicado em Outubro, a Kernow Resources & Developments avança com uma análise positiva quanto à exploração do recurso geológico aurífero. “À luz das observações feitas nesse documento, o projecto da Gralheira merece ser mais explorado, mas têm que ser realizadas mais pesquisas que nos conduzam a um estudo prévio de viabilidade”.

O abandono do grupo canadiano, Lundin Minning, das Minas de Aljustrel, alegando quebra no preço do zinco, nos mercados internacionais, nada tem a ver com a continuação ou não dos estudos prospectivos para uma exploração experimental na zona da Gralheira, junto às minas de Jales. Porém e de acordo com Tim Chambers, os tempos não estão fáceis para os investidores no sector mineiro. “Há uma crise financeira global e não têm aparecido investidores nesta área”. “Temos feito investimentos na prospecção e na pesquisa, mas temos a noção que o mercado investe pouco. Está difícil arranjar os capitais necessários com toda esta retracção financeira. Estamos na expectativa”. Apesar destas reticências, Tim Chambres garante que os estudos e as prospecções vão continuar. “Fizemos um furo com cerca de 200 metros e extraímos perto de uma tonelada de rocha para analisar. Já enviamos as amostras para o estrangeiro, dado que em Portugal não existem laboratórios com meios adequados para o fazer. Agora, aguardamos com alguma expectativa por esses resultados”.

Quanto ao futuro da exploração de ouro na zona de Jales, Tim Chambers não abriu o jogo, mas reconheceu que “tudo dependerá do aparecimento de investidores e da própria viabilidade rentável da exploração”.

Quem está a acompanhar todo este processo é o Presidente da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias. O autarca continua a acreditar no regresso da exploração mineira à zona de Jales. “A Câmara Municipal estará sempre aberta a novos investimentos que se façam no concelho, que sejam sustentáveis e tragam riqueza à comunidade. O valor investido tem que ser reflectido no progresso e bem-estar das populações”.

Também o Presidente da Junta de Freguesia de Vreia de Jales, António José Fernandes, ficou contente com o início das prospecções, admitindo que os antigos mineiros da terra pudessem voltar às galerias mineiras. As minas de Jales encerram em 1992 e foram as últimas de exploração de ouro a fechar portas no País.

Relativamente ao filão da Gralheira, se os indicadores positivos se confirmarem, o que parece acontecer, a fase seguinte passará pela alteração da concessão experimental numa concessão definitiva, onde se estima que a Kernow Mining, numa 1ª fase, realizará um investimento de 30 milhões de euros para conseguir uma extracção na ordem das 400 toneladas/dia de minério, correspondente a uma produção, ao longo de 10 anos, entre 260 000 e 300 000 onças de ouro metal e mais de 1 milhão de onças de prata metal. Só que, para tudo isto acontecer, é necessário muito dinheiro e, neste momento, ele não abunda nos mercados internacionais. Este projecto, caso seja uma realidade, deverá empregar 120 trabalhadores, por um período de 30 anos, face aos estudos que se desenvolverão para a consolidação de novas reservas.

O cenário pouco risonho para o regresso da exploração ao couto mineiro de Jales é extensivo à exploração de ouro nas antigas minas romanas de Limarinho, situadas no sopé da serra do Leiranco, em Boticas. Segundo Tim Chambers a realidade é a mesma: “Não há investidores”. O interesse da Kernow Mining incide na zona da Mina do Poço das Freitas, uma área que foi explorada pelos romanos entre os séculos I e IV. Embora, a própria empresa na altura não acreditasse que o local viesse a ser uma grande mina de ouro, admitia que os estudos podiam revelar as potencialidades de uma exploração “de pequena e média dimensão”. Nesse caso, a Kernow Mining apontava um investimento, em Limarinho, “entre 20 a 60 milhões de euros”, valores que são hoje incomportáveis para o grupo canadiano.

Alan Matthews, o presidente da Kernow Mining Portugal (KMP), chegou a admitir que havia indicações da existência de ouro, tendo sido identificado um potencial mineiro de 7,1 toneladas, nos resultados obtidos com as primeiras perfurações e análises de amostras recolhidas nas rochas à superfície no Limarinho.

Ao ter conhecimento do processo a Câmara Municipal de Boticas avançou com a ideia de criar um parque arqueológico, envolvendo as minas das Batocas, do Poço das Freitas e do Brejo, que teria um Centro de Interpretação, percursos pedonais, plataformas de observação, bem como a reabilitação de antigos povoados mineiros, das épocas castreja e romana. Mas, parece que a falta de investidores leva a região de Trás-os-Montes a ver adiada a exploração destas duas importantes minas.

Recorde-se que, em Maio, o Governo assinou 30 contratos de prospecção, pesquisa e exploração de recursos geológicos com várias empresas, representando um investimento de mais de 84 milhões de euros. Precisamente um dos contratos era alusivo ao início de uma exploração experimental na área da Gralheira, próximo das antigas minas de Jales, no concelho de Vila Pouca de Aguiar.

APOIE O NOSSO TRABALHO. APOIE O JORNALISMO DE PROXIMIDADE.

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências do confinamento, sem termos parado um único dia.

Contribua com um donativo!

VÍDEOS

Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS