Já é dos nossos dias, a queda do Muro de Berlim, que levou ao fim do Império Soviético. Percebemos agora não ter sido pacífica a aceitação, por parte da Rússia, de tal derrota militar. Embora, como se saiba, o que esteve em causa foi o derrube dos regimes comunistas, de má memória, que Stalin e outros seguidores de Moscovo, impuseram, durante mais de 40 anos, às populações que viviam naquele Império.
Pelo que agora se percebe, a queda da União Soviética ainda está mal digerida pelos ex-soviéticos, que viviam debaixo daquele manto hediondo, estabelecido para lá dos Montes Urais.
Mas, voltemos a Zelensky e à sua visita relâmpago ao Reino Unido e logo de seguida a Paris, onde, além de Emmanuel Macron, Presidente da França, já se encontrava também Olaf Scholz , Chanceler da Alemanha, para reunir no dia seguinte, com todos os líderes Ocidentais. Este périplo foi cheio de significado político e fez todo o sentido.
Slavoj Žižek, conceituado professor de filosofia, na European Graduate School de Londres, tido como um dos intelectuais mais carismáticos da atualidade, diz que “a Rússia é hoje uma terra de senhores da guerra, algo que normalmente se associa a Estados-pária e Estados falhados. Os seus líderes atuais e aspirantes estão a traficar sonhos febris de glória no campo de batalha. Está implícita nesta cultura marcial uma perspetiva hobbesiana da vida como solitária, pobre, desagradável, brutal e curta – e com um valor cada vez menor”.
Ora Vladimir Putin não está sozinho neste propósito. Aleksandr Dugin, é considerado o filósofo da corte de Putin, e em nome de uma filosofia política concreta, desenvolve na retaguarda uma corrente de ódio contra o Ocidente, que faz caminho em território ucraniano, sem aparentemente se conhecer as razões para tal conduta.
Por tudo isso, Volodymyr Zelensky faz bem, ao se assumir como porta-voz de quem está a ser atacado, sem nenhuma razão.
Zelensky é um conhecedor profundo de toda este panorama político/filosófico, e é ele, que arriscando a própria vida, se empenha na denuncia das agressões que estes movimentos políticos, e não só, estão a desencadear naquela parte do mundo ex-soviético.