Denominado Movimento Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro (MUTAD), um grupo de alunos da academia transmontana ditaram, numa Reunião Geral de Alunos (RGA), realizada na noite do dia 11, a exclusão da tradicional garraiada do programa da Semana Académica, que começa hoje.
“A Universidade de Trás- -os-Montes e Alto Douro torna-se assim a primeira instância do ensino superior a abolir a garraiada do quadro festivo da sua semana académica”, revelou o movimento que, em comunicado de imprensa, justifica a decisão com a defesa “dos direitos fundamentais dos animais” e recordando que esta actividade não é reflexo “do verdadeiro papel da universidade, o desenvolvimento intelectual, académico e profissional dos estudantes”.
Na reunião, convocada pelo próprio movimento, 24 alunos votaram contra a proposta apresentada pela MUTAD, enquanto 31 se aliaram à abolição da Gairraiada, tornando assim vinculativa a não realização de uma tradição com mais de 20 anos.
Deixando a garantia de que um dos objectivos da Associação Académica é sempre manter vivas as tradições estudantis da UTAD, Tiago Sá Carneiro, dirigente associativo, esclareceu que esta foi uma decisão dos estudantes. “Uma vez convocada a RGA e aprovada a vontade da maioria, esta terá de ser respeitada”, explicou.
“De acordo com o Regulamento do Espectáculo Tauromáquico, uma garraiada é uma tourada com um garraio (touro jovem) na qual intervêm cavaleiros tauromáquicos não profissionais (amadores/praticantes) e grupos de forcados universitários, embora incluindo, ainda assim, o uso de farpas”, revelou o MUTAD numa Moção apresentada aos alunos, revelando ainda que “em alguns casos, nas garraiadas não há uso de farpas mas sim apenas a chamada “brincadeira” entre os estudantes e o animal. Esta brincadeira é extremamente violenta, sendo o animal empurrado, puxado e agredido várias vezes e de diferentes maneiras, por um grupo enorme de indivíduos que, além disso, nas garraiadas académicas se encontra usualmente embriagado (sendo comum, como se sabe, o abuso no consumo de álcool em ambiente de festas académicas)”.
O Movimento recorda mesmo que, em Vila Real, “em anos recentes, um animal morreu com o pescoço partido no seguimento das agressões de que foi vítima numa destas brincadeiras”.
Rodrigo Dourado, responsável pelos “Papa Vacas”, secção da AAUTAD que organiza a Garraiada, garante que a tradição vai cumprir-se mesmo sem o apoio da Associação Académica. “Podemos organizar a Garraiada a nível pessoal, como cidadãos”, referiu o mesmo responsável, lembrando que na brincadeira dos estudantes “a vaca não é agredida” e que, na verdade, trata-se de uma falsa questão.
Contando com cerca de 25 anos, a Garraiada surgiu na tradição da UTAD enquanto esta era ainda Instituto Politécnico, e continua a contar com a simpatia de muitos. “Actualmente, nos “Papa Vacas” somos mais de 20 pessoas, mas na Garraiada aparecem sempre antigos membros”, revelou Rodrigo Dourado.
De recordar que a Semana Académica começa hoje com a realização da Monumental Serenata, seguida do concerto de Dinis Rodrigues. Amanhã sobem ao palco Rita Red Shoes e Makongo.
No sábado, depois da missa de bênção das pastas e da queima das fitas, será a vez dos Blasted Mechanism animarem os estudantes que, no domingo, se vestirão a rigor para o Baile Académico.
Na segunda-feira, Quim Barreiros actuará na tenda de concertos, e terça-feira, a noite electrónica, receberá os Noize Tribe Project. A Semana Académica será encerrada com o concerto dos Deolinda.