Esta é a Festividade que celebramos em oito de Dezembro, em cada ano, pois foi, precisamente, neste dia e mês do ano de 1854, que o Papa Pio IX proclamou este dogma, declarando “a original santidade da Virgem Maria”. Esta foi a convicção profunda, de sempre, da Igreja, que viu, desde o princípio, em Maria, a “Nova Eva” (Stº Ireneu). Para a definição pública e formal desta verdade fundamental da Igreja, teve grande influência a devoção popular, sobretudo no séc. XVII, principalmente em Portugal (e na Espanha).
Padroeira da Cidade de Vila Real
1. Ela é a Padroeira da Cidade de Vila Real, pois tem a Sua imagem na Igreja-Mãe, na Sé Catedral (sendo esta dedicada a S. Dinis), em lugar proeminente. Tem a igreja de Nª. Sr.ª da Conceição, na paróquia do mesmo nome, situada num ponto alto da cidade, em forma de “barca de salvação”, construída por iniciativa matriana, corajosa, pelo seu primeiro pároco, Mons. João Costa, devotíssimo desta Mãe do Céu, sobre a Qual, a maior parte da sua biblioteca era composta de largas centenas de bons livros dedicados à Virgem Maria. Era, então o bispo da diocese, D. António Cardoso Cunha; é justo mencioná-lo. (Fui seu aluno e eu e muitos deles somos testemunhas desta sua entranhada devoção e amor vivenciais)! O seu actual pároco é Mons. Fernando Miranda, que tem prosseguido a mesma veneração e cuja igreja serviu, muitas vezes, de Catedral, (enquanto se realizaram, durante anos, obras na Sé). Nela, foram “sagrados dois bispos”!
Padroeira da Diocese
2. A nossa Mãe é Padroeira da Diocese. Não há arciprestado que não tenha templos que Lhe não sejam dedicados, sob o título da Senhora da Conceição ou outros. Na diocese, até se diz que o dia 15 de Agosto, em que a Igreja celebra a sua assunção aos céus em corpo e alma, (levada pelos Anjos), que é o “dia das sete Senhoras”, querendo significar com esta expressão que, neste dia, se celebra Maria, com sete invocações diferentes. A diocese é profundamente mariana. Recordemos (isto é: lembremos com o coração “cord”: – a Peregrinação Mariana que se realizou durante todo o mês de Maria (Maio) por meados da década de 1950-60, por todas as paróquias da diocese, com a imagem de Nª. Sr.ª de Fátima, por iniciativa e devoção, pessoal e pastoral, de D. António Valente da Fonseca, então zeloso bispo desta diocese, tendo sido seu colaborador directo o Pe. António Maria Cardoso, pregador/orador fulgurante, autor de alguns livros, alguns dos quais sobre a Mãe dos Céus, e, há dezenas de anos, digníssimo director do semanário “A Voz de Trás-os-Montes”, dando sempre especial relevo aos artigos sobre esta Senhora-Mãe! O mesmo testemunho bem pode dá-lo D. Joaquim Gonçalves, actual bispo titular desta diocese, zeloso pastor, sobretudo pela sua colaboração semanal no referido semanário, além de outras intervenções a bem da Diocese!
Padroeira de Portugal
3. Este título tem as suas elevadas e nobres razões de ser. Depois do povo e da proclamação Papal, e até já antes, algumas universidades exerceram uma grande influência, como a de Coimbra, no séc. XVII, que se pronunciavam abertamente a favor da Imaculada Conceição, exigindo aos seus doutorandos o juramento de A defenderem.
Em Portugal, esta festa parece ter sido introduzida no séc. XII pelo primeiro bispo de Lisboa, D. Gilberto, após a reconquista, e terá sido celebrada esta festividade em Lisboa em oito de Dezembro de 1149. No séc. XIII, a festa é documentada no mosteiro do Pombeiro (Guimarães), estando também incluída num martirológio da Sé de Lamego, em 1262. Na primeira metade do séc. XIV, esta festa já se encontra generalizada nas dioceses portuguesas, dado que o sínodo (de Salamanca, de 10.10.1310) tinha prescrito a festa para a província eclesiástica de Compostela, (de que eram sufragâneas as dioceses de Évora, Guarda, Lamego e Lisboa). A Rainha Santa Isabel, por volta de 1321, mandou construir em Lisboa uma capela de Nª. Sr.ª da Conceição no Mosteiro da Trindade. A Festa foi instituída na Sé de Braga em oito de Dezembro de 1325 e em Lamego, em 1329(?). Do testemunho de Álvaro Pais, bispo de Silves (1335), infere-se que a festa já estava divulgada. Ela surge no “Livro de Horas” mais antigo de Portugal (segunda metade do séc. XIV). Pelos sécs. XIV-XV, um monge de Alcobaça terá composto um tratado sobre a Imaculada Conceição. O rei D. Duarte, no seu livro “Leal Conselheiro” (1438, cap. 35), mostra-se defensor desta Imaculada. D. Afonso V, depois da conquista de Alcácer-Ceguer, fez ali consagrar, em 23.10.1458, a mesquita a Nª. Sr.ª da Conceição. Santa Beatriz da Silva funda a “Ordem da Imaculada, que foi aprovada pela Santa Sé, em 30.04.1489. No fim do séc. XV, há vários mosteiros (Beja e Matosinhos) e igrejas (Lisboa…), sob a invocação da Imaculada. Gil Vicente mostra-se devoto da Imaculada (cf. ‘Obras Completas 1’ Lisboa, 1944). Defenderam, com vigor, nos seus escritos sobre a Imaculada, entre outros, o bispo de Silves, D. Fernando Mascarenhas (Sevilha, 1616), Frei Egídio da Apresentação (Coimbra, 1617), o jesuíta Pinto Ramires, com uma obra monumental (Lião, 1642) e o prelado da patriarcal, D. Dionísio Morais (Lisboa, 1750) e o estudo inédito que se encontra na Biblioteca Nacional de Lisboa. A homenagem que Portugal prestou à Imaculada, nos dias aflitivos da Restauração, consolidou, definitivamente, o seu culto no nosso país. Juraram defender este dogma mariano os “sínodos da Guarda (30.09.1634), Braga (17.06.1937) e Coimbra (08.05.1639), bem como a Universidade de Coimbra (28.07.1639) e a de Braga (24.02.1647).
O rei D. João IV, partindo para a igreja de Nª. Sr.ª da Conceição, com grande parte da cidade de Lisboa, em peregrinação de acção de graças pela vitória contra o domínio espanhol, durante sessenta anos, proclamou, solenemente, “tomar por Padroeira dos nossos Reinos e Senhorios a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição… confessar ‘e até dar a vida, sendo necessário’ que a Virgem Senhora, Mãe de Deus, foi concebida sem pecado original”, mandando, em 1648, cunhar moedas de ouro e de prata, chamadas “Conceição”, com a legenda “Tutelaris Rgeni = Titular do Reino”. D. João VI instituiu, em 06.02.1818, a ‘Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição’ de Vila Viçosa.
Os bispos portugueses, em oito de Dezembro de 1996, por ocasião do 350º aniversário da proclamação de D. João IV da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, renovaram a consagração da Nação Portuguesa à protecção maternal da sua Padroeira principal e Rainha.
Padroeira do Mundo
4. Para definição pública e formal do dogma da Imaculada Conceição, teve uma grande influência a devoção popular, sobretudo no séc. XVII e principalmente em Portugal, (já ficou dito), mas, igualmente, em Espanha: As Universidades também exerceram uma grande influência, já nos sécs. XV (Paris e Colónia) e XVI (Mogûncia, cidade alemã), Viena e Valência, mas, sobretudo a partir do séc. XVII, Salamanca. Também muito contribuiu o sínodo de Salamanca (29.10.1310) que tinha prescrito a festa da Imaculada para a província eclesiástica de Compostela, (de que eram sufragâneas algumas dioceses portuguesas, já referidas), com as mesmas exigências das portuguesas, também já mencionadas). Em 29.03.1549, chega à baía de Todos-os-Santos a armada que ia fundar o Estado do Brasil. Uma das três naus chamava-se ‘Conceição’, nome que foi dado a uma das três igrejas erguidas na que seria a cidade do Salvador. Em 08.05.1671, o Papa Clemente X confirmou a eleição da Imaculada, Padroeira do Reino (de Portugal). E o Papa Pio XI, em 25.03.1936 (dia de Nª. Sr.ª da Anunciação), renovou a confirmação da Imaculada como Padroeira (de Portugal)! E, deste modo, por mim, reafirmo: – A Virgem Maria concebeu, sem pecado, o Seu Filho e nosso Irmão Jesus, pelo que, primeiro, Ela tinha de ser concebida sem pecado – portanto, é a Imaculada! E, assim, não resisto transcrever o cântico do Povo: – “A Vossos pés, Maria/Um Rei ajoelhou, / E a coroa que trazia/P’ra Vossa Vos entregou./Ó Fonte de Luz, Vós sois, afinal,/Maria, Mãe de Jesus,/Padroeira de Portugal… Maria, Mãe de Jesus… Padroeira… de… Por…Tugal!!!…