A celebração está focada nos azares, bruxedos, contos, lendas e locais sombrios da memória, mas a realidade por estes dias é de uma população que sextuplica com uma iniciativa marcante e dinamizadora da economia local e dos concelhos circunvizinhos.
Esta peregrinação ao oculto, místico e fantástico não é mais do que uma manifestação cultural que preserva o imaginário do sobrenatural da região e que na última edição levou cerca de 60 mil pessoas a Montalegre, enchendo restaurantes e lotando os equipamentos turísticos, inclusive em Boticas, Chaves e até algumas localidades da vizinha Galiza.
A riqueza do nosso património histórico imaterial é um produto turístico estratégico que devemos explorar e um filão para potenciar a revisitação ao território, desde que exista um trabalho em rede com uma oferta integrada que permita fidelizar o turista ao destino. É todo este legado do passado, das tradições e costumes, conjugado com uma vertente mais festiva, um dos segredos para o sucesso. Por isso, a Turismo do Porto e Norte de Portugal apoia financeiramente e de forma entusiástica este evento, um exemplo do tipo de rituais festivos que podem internacionalizar o destino e descentralizar a visitação de turistas, distribuindo-os por todas as sub-regiões.
Cada vez mais os municípios estão sensibilizados para otimizar a valiosa história que carregam e Montalegre tem sido, nesse aspeto, um exemplo. Um evento que soube crescer e que é hoje um ‘fenómeno’ em termos de público.
O Norte de Portugal tem de se mobilizar para promover a sua autoestima no que respeita ao património cultural. O sector do turismo é, porventura, aquele que melhor tem sabido rentabilizar essa riqueza, na certeza, porém, de que há muito ainda a fazer.
Longe vão os tempos do sol, praia e mar com uma incursão curta pelo património arquitetónico monumental. O turista moderno quer mergulhar na cultura local, frequentar as suas festas, conhecer as suas tradições e histórias. Se o exemplo de Montalegre se multiplicar, o Norte vai afirmar-se definitivamente como um destino de excelência.
A sorte dá trabalho. Que o diga Montalegre!