No dia 6, a Escola Profissional da Nervir – Associação Empresarial de Vila Real abriu as suas portas para mais um ano lectivo, sendo de sublinhar neste novo ano escolar um protocolo de intercâmbio que vai trazer a Vila Real um grupo de alunos de São Tomé e Príncipe.
“No ano passado já tivemos dois alunos de São Tomé e este ano surgiu a oportunidade de fazermos um protocolo e receber mais 12”, explicou Carlos Almeida, referindo que os estudantes devem chegar durante este mês e que já no próximo ano lectivo o grupo deverá ser alargado.
A escola profissional da Nervir foi a primeira do concelho de Vila Real a iniciar o ano escolar, um ano que fica marcado não só por um novo aumento do número de alunos inscritos, mais 40 que no ano passado, mas também por um “fenómeno interessante”, a redução da média de idades dos admitidos na escola.
“Em relação aos últimos dois anos lectivos”, a escola tem este ano alunos mais jovens, na faixa etária dos 14/15 anos, quando a tendência era para receber estudantes mais velhos, que, por exemplo, optavam por prosseguir o estudo na Nervir depois de frequentarem os cursos EFA (Educação e Formação de Adultos).
A mudança do paradigma relativamente ao ensino profissional, antes considerado “como o parente pobre do sistema de ensino”, o reconhecimento por parte de entidades exteriores, a taxa de empregabilidade de 75 por cento e a taxa de ingresso no ensino superior público de cinco a oito por cento, comprovam o sucesso da Escola. Mas nem tudo é fácil, a Nervir tem que cativar os jovens e lidar com a concorrência das escolas secundárias públicas.
Depois de ter sido ultrapassada a relutância que muitos pais tinham em deixar que os filhos fossem para as escolas profissionais, segundo o director pedagógico da escola, hoje a dificuldade maior é a concorrência entre escolas. “Desde que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues implementou o ensino profissional nas escolas públicas, a captação de jovens é mais difícil. Algumas escolas tentam mesmo boicotar potenciais pedidos de transferência dos alunos”, explicou. “Antes poderia ser considerado menos prestigiante dentro do ensino, hoje já não é assim. Foi ultrapassada essa questão cultural e a sociedade percebe que o ensino profissional é importante, os quadros médios são necessários, sobretudo às empresas. Não podemos ter um país só de engenheiros e doutores”, defendeu.
Criada no ano lectivo 1991/1992, na altura com dois cursos e 30 alunos, a Nervir está prestes a fazer 20 anos de existência, contando actualmente com seis cursos (Técnico de Secretariado; Técnico de Turismo; Técnico de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade; Animador Sócio-Cultural; Técnico de Contabilidade; e Gestão e Programação de Sistemas Informáticos) e somando um total de 342 alunos.
Sem ambições de crescer no que diz respeito à quantidade de cursos, a Nervir tem como projecto de futuro, a curto prazo, a renovação da sua oferta formativa, com a criação, por exemplo, de um curso na área da electrónica e da robótica. Assumindo como “objectivo fundamental” o de servir o melhor possível os alunos, a Nervir pretende ainda dar resposta aos anseios dos empresários da região no que diz respeito às necessidades profissionais, daí a aposta em áreas mais tecnológicas. “Só não avançamos ainda com o novo curso porque não houve oportunidade de fazer o investimento nos equipamentos de ponta que queremos adquirir”, explicou o director da escola.
De recordar que, a Associação Empresarial investiu, há meia dúzia de anos, uma avultada quantia monetária na construção das suas novas instalações, sendo de realçar que o edifício, construído em raiz, foi orçado em cerca de dois milhões de euros e teve como grande financiador a própria Nervir, contando apenas com o apoio da Câmara Municipal e do Governo, através do PRODEP.
Sem fins lucrativos, a escola renova anualmente as candidaturas a programas europeus e governamentais, nomeadamente ao Programa Operacional Potencial Humano, para garantir o financiamento necessário ao seu funcionamento, sendo de referir que os alunos que frequentam a escola recebem subsídio de alimentação e de transporte, e, caso vivam há mais de 50 quilómetros da escola, um subsídio de alojamento.