Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

O fim de uma história

Com a visita do Secretário de Estado de Energia, Dr. João Galamba, a Mesão Frio e a Miranda do Douro, no passado dia 5 de julho, encerrou o capítulo de uma história de sucesso a que estivemos ligados durante os últimos trinta anos, na condição de autarca no município de Vila Real.

Este governante veio entregar pessoalmente as Licenças de Concessão de Distribuição de Gás Natural, assim se concluindo a cobertura com esta nova energia, de todo o território nacional da margem direita do Rio Douro; um processo que se iniciou na década de noventa, quando este combustível chegou a diversos municípios do Litoral Norte, designadamente à cidade do Porto, sob a responsabilidade da Portgás, (empresa do Grupo Galp), a partir de gás natural vindo da Argélia, pelo gasoduto que entra no nosso país em Campo Maior, seguindo depois até Rio Maior e dali derivando para Sul até Setúbal e para Norte até a fronteira com a Galiza em Valença do Minho (1993/95).

A concessão, então aberta pelo Governo para a distribuição do gás natural, contemplou apenas uma faixa litoral de cerca de trinta a quarenta quilómetros para o interior, ficando excluído da concessão e consequentemente do uso do gás natural, mais de dois terços do território nacional, incluindo todo o Algarve e Alentejo. Pessoalmente não achamos graça nenhuma, pois mais uma vez, à semelhança do que se tinha feito com a distribuição de energia elétrica no início do século passado, a maior parte do território nacional ficava excluído do progresso e do desenvolvimento que esta nova energia (muito mais barata e menos poluente) poderia permitir. 

Como autarca de então, a reação foi a de nos mobilizarmos imediatamente, agregando todos os municípios do distrito de Vila Real. O apoio, unânime de todos os autarcas, permitiu juntar as Associação de Municípios do Vale do Douro Norte e Alto Tâmega, bem como, anos mais tarde, a Associação de Municípios de Trás-os-Montes e Alto (onde estávamos agrupados 37 municípios), assim fazendo chegar a nossa voz, diga-se com grande força, ao Terreiro do Paço. 

Ainda assim, não foi nada fácil vencer os obstáculos que se nos deparavam: desde a legislação que não o permitia, aos colossais custos do transporte do gás natural (era verdadeiramente inviável fazer um novo gasoduto), os investimentos incomportáveis para fazer uma malha de redes de distribuição pelos custos elevadíssimos.

Tivemos, porém, nessa altura, governantes que entenderam as nossas razões. Lembramos o Engº. José Penedos, Secretário de Estado da Energia na altura e o Dr. Pina Moura Titular da Pasta, que ajudaram a desbravar o terreno da legislação e o estudo do processo de transporte de gás natural por via rodoviária. As primeiras licenças de distribuição viriam a ser concedidas aos municípios de Chaves, Vila Real e Bragança, em cujas cidades a distribuição de gás natural se iniciou no ano de 2000. 

Esta energia, mais económica, mais ecológica pelo reduzido impacto ambiental, que claramente se assume como potencial significativo de desenvolvimento regional, chegou agora a Mesão Frio e a Miranda do Douro. 

Finalmente passaram a estar servidos todos os municípios da margem direita do Douro. 

Valeu a pena lutar.

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