Após seis anos de estudo árduo e apresentação de uma tese de mestrado, somos médicos, no entanto, não temos uma especialidade. Para tal, submetemo-nos a uma prova escrita a nível nacional em que constam inúmeras perguntas de diversas especialidades.
Com o resultado da prova e da nota final da licenciatura/mestrado em Medicina somos ordenados e escolhemos a especialidade. A partir deste momento, somos internos de formação específica.
De realçar que após a realização da prova, durante o período de um ano, os médicos estão no chamado Internato de Formação Geral – formando parte das equipas de especialidades hospitalares e cuidados de saúde primários (centros de saúde), acompanhando os médicos especialistas nas consultas, internamento e serviço de urgência.
Após este período iniciam-se quatro anos de especialidade. Chegamos a uma nova cidade, abraçamos uma nova equipa de trabalho e uma lista de utentes que não conhecemos. Para além disto, acrescem-se todas a preocupações e responsabilidades inerentes à profissão.
Com cautela, iniciamos o percurso, mas às vezes encontramo-nos com algumas adversidades. A falta de confiança, as dúvidas constantes dos utentes e o pensamento diário – “Afinal, agora vou ser vista uma médica novinha?” ou “agora é a ajudante ou estagiário?”. Com o carinho e a empatia que a especialidade exige, informamos pacientemente que “somos internos e fazemos parte da equipa do médico de família”.
Um interno de especialidade, para além do seu trabalho diário e o estudo constante que a profissão exige, todos os anos realiza um relatório e um exame. E para o término desta especialidade submete-se a uma prova escrita nacional e a um exame oral, no qual é avaliado por três médicos especialistas.
Os internos de especialidade estão todos os dias nos centros de saúde para cuidar, aprender e dar o seu melhor. Na próxima consulta, pense nisso!