Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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Manuel R. Cordeiro
Manuel R. Cordeiro
Professor Catedrático aposentado da UTAD

O que está a ser esquecido

No Sábado, dia 17 de outubro, ouvi o programa Bloco Central, da TSF, onde Pedro Adão e Silva e Pedro Marques Lopes fazem a análise semanal da política e dos políticos. O Pedro apresentou duas situações em que se vê bem como vai a nossa vida política, em especial ao nível de quem nos governa. 

Contou ele que um seu amigo, a viver na Suíça, há uns dias atrás foi abordado por um emigrante português que, muito satisfeito, lhe disse que “Portugal está muito mal comparado com a Suíça, no que respeita ao vírus que por aí anda”. Em resposta, o amigo informou-o que estava enganado porque na Suíça tem morrido tanta gente como em Portugal e a Suíça tem uma área um pouco menos que metade de Portugal. A conclusão que se tira é que o emigrante deve ver a RTP Internacional ou outra qualquer estação televisiva portuguesa, pois, nos telejornais gastam, seguramente, entre 15 e 30 minutos a falar da Covid-19. 

Será que as outras causas de morte desapareceram. Isto leva a situações como a que foi contada, numa estação, por uma cidadã portuguesa. O seu pai, um Senhor de 89 anos, encontrou-se doente e ela levou-o para um hospital, pois tinha sintomas de que estaria com COVID-19. Chegado lá, depois de lhe fazerem o teste, informaram a família de que estaria infetado. Faleceu depois de algum tempo de internamento. À entrada, prevendo que estaria bastante doente, despediu-se da filha, dizendo-lhe “diz à tua mãe que eu gosto muito dela”. Sem dúvida, enternecedor. Como lhe foi atribuída como causa de morte a Covid-19, foi sujeito aos trâmites de quem morre por essa causa e o melhor que a filha conseguiu foi que o carro funerário, que o transportou para a sua última morada, passasse em frente da casa onde ele viveu. A sua esposa e a filha estavam à janela para se despedir dele. Imagino quão doloroso será para as famílias a quem acontece uma situação destas.

Há uns dias, ouvi alguém referir-se aos traumas que as nossas crianças sofrerão, na sua vida futura, por passarem algum tempo junto de outras crianças sem poderem brincar, confraternizar, fazer os seus joguinhos, não poderem beijar os amigos, os irmãos, os pais, os avós ou os educadores. Que mal causarão estes tempos, mesmo que curtos, na formação destas crianças! 

A Sra. Ministra da Saúde, pessoa muito simpática, nas conferências de imprensa, parece uma grafonola. Diz sempre que o governo tem feito tudo para fazer frente aos problemas de saúde dos portugueses. Ela, provavelmente, não faz parte das centenas de milhares de pessoas que viram consultas desmarcadas e/ou adiadas, das milhares de operações cirúrgicas, análises, diagnósticos, etc.

Como reflexão deixo o seguinte: será que os políticos que nos governam fizeram tudo para conseguir soluções que minimizassem os problemas de que todos falamos no dia-a-dia ou utilizaram a lei do menor esforço?

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