Os mais pessimistas logo previram que seriam necessários cerca de oito anos para se conseguir uma vacina segura e, os mais otimistas, anunciavam-na para o início do outono ou mesmo antes.
Grupos inimagináveis de cientistas e investigadores lançaram mãos à obra, conseguindo o anúncio de três vacinas que deverão começar a ser utilizadas, antes ainda do fim do ano.
Nos Estado Unidos e Reino Unido anuncia-se o regresso à normalidade até à Páscoa mostrando-se a União Europeia mais cautelosa.
De permeio, veio a falsa ciência, vieram os curandeiros, bruxos e pais de santo, autores de mesinhas e chás. No meio da turba surgiu o professor Didier Raoul, microbiologista francês de Marselha, com obra publicada em revistas científicas, que lançou o debate e a confusão em torno do uso da hidroxicloroquina cujos efeitos tóxicos são bem conhecidos.
Trump e Bolsonaro rapidamente entenderam que o uso do medicamento resolveria uma crise sanitária, que não pára de se agravar, e seguiram uma atitude negacionista que em nada se mostrou diferente da assumida pelo mais básico dos imbecis.
De seguida, teremos no terreno o movimento anti-vacinação que interpreta as vacinas como parte de uma conspiração internacional destinando-se a eliminar pessoas, a matá-las, a retirar-lhes a saúde e a colocar chips além de negarem a sua cientificidade.
Este movimento – pasme-se – nasceu em 1885 com a publicação de um panfleto de desinformação elaborado em Montreal, no Canadá, pelo médico Alexander Ross num momento em que a vacina contra a varíola lutava contra uma epidemia devastadora desta doença.
Ao negarem os sintomas e a gravidade da varíola, Alexander Ross e os seus seguidores conseguiram que milhares de cidadãos descrentes tivessem falecido, por se negarem a serem vacinados. Os argumentos de há 135 anos são mais ou menos os mesmos até hoje.
Todavia, os jornais da época noticiaram que o autor do panfleto tomou a vacina.
Enquanto a covid 19 apresenta uma taxa de letalidade em Portugal de 1.5%, a taxa de letalidade causada pela varíola situava-se entre os 30 e os 40%; um flagelo demográfico e social.
Deixo uma palavra de solidariedade para os cidadãos a viver situações graves de saúde devido á covid e para os que viram as suas atividades profissionais e empresariais minguadas.
Apesar das boas notícias não podemos baixar a guarda continuando a usar máscara, a recorrer ao distanciamento e a seguir as recomendações dos especialistas.
O uso da máscara não é igual ao uso do cabresto ou açaime, pois este destina-se a animais de carga, enquanto aquela se destina a cidadãos responsáveis.
O tempo que vivemos não é de azémolas, mas sim o tempo da ciência. Não tardara que uma onda renovada de esperança dê ânimo ao mundo.