Diz-se “ceramista” de alma e coração e não precisa da “roda de oleiro” para trabalhar o barro. As suas mãos dão azo à sua imaginação e criatividade e delas nascem peças singelas que são admiradas nas diversas feiras da região.
Antero Pereira está aposentado, é natural de Almacave (Lamego), passou por Angola e Mafra, onde fez miniaturas dos tradicionais moinhos com o grande mestre José Franco que construiu a “Aldeia Saloia”, em Mafra. Começou a trabalhar aos 12 anos em cerâmica, onde pintava o nome de restaurantes em canecas e cinzeiros. Contra a vontade do presidente da Câmara de Mafra, há onze anos, veio para Quinta de Jales com a sua esposa, Maria Eduarda. “Na altura, o presidente disse-me que me arranjava um emprego na autarquia, mas nós tínhamos aqui casa, e o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar também nos ajudou com algumas obras e optamos por vir e ficar aqui”, contou ao Nosso Jornal.
O seu gosto pela arte começou na escola primária, onde já fazia presépios com barro rudimentar. Este artesão orgulha-se de ser original ao elaborar as imagens de santos. “Nem todos os ceramistas conseguem fazer os rostos das imagens tão pequenos e tão perfeitos”, sublinha. Antero Pereira fez também muitos trabalhos em madeira e em casa tem alguns “duplicados” de personagens da aldeia.
Algumas das suas peças estão nas instalações da Região de Turismo de Chaves, e em Vila Pouca de Aguiar. Marca presença habitual em diversos certames, como a Feira do Mel de Pedras Salgadas, por exemplo.
De referir que o barro utilizado para a criação das peças é comprado em Chaves e o artesão faz questão de deixar um esclarecimento. “Muitas vezes, é dito erradamente que é louça de barro preto de Bisalhães, mas o nome correcto é louça fumada, porque o barro que eu compro não é preto”.