Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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Obras do Túnel do Marão continuam suspensas

Desde o dia 10 que as obras do Túnel do Marão estão suspensas. Em causa está uma providência cautelar interposta devido à possibilidade dos trabalhos afectarem a nascente das águas do Marão. Depois da resposta por parte da concessionária da via, dentro de dias o tribunal deverá pronunciar-se sobre a continuidade da perfuração daquele que deverá ser o maior túnel da Península Ibérica.

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Apesar da concessionária da Auto-Estrada do Marão e do consórcio construtor terem apresentado, no dia 17, a resposta à providência cautelar interposta pela empresa Água do Marão, ontem, à hora de fecho desta edição, fonte da Somague garantiu ao Nosso Jornal não haver qualquer evolução relativamente ao processo que levou à suspensão das obras do Túnel do Marão.

“Agora temos que esperar por uma decisão do tribunal”, explicou a mesma fonte da empresa que lidera o consórcio e que, com a paragem, desde o dia 10, dos trabalhos que vão perfurar a Serra do Marão, em 5,6 quilómetros de túnel, está a prever “muitos milhares de euros de prejuízos”.

A ordem de suspensão das obras no interior do túnel foi decretada do Tribunal Administrativo de Penafiel na sequência de uma providência cautelar interposta pelo proprietário da empresa Água do Marão, que alega que a construção prejudica as nascentes, situadas a cerca de 600 metros do local por onde se perfurará.

Segundo declarações de António Pereira, proprietário da empresa Água do Marão, as obras poderão tornar inoperacional a fábrica, o que colocará em causa a viabilidade da empresa, provocando milhões de euros de prejuízo.

O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações já garantiu, publicamente, que está a ser cumprida a Declaração de Impacte Ambiental, emitida em 2008, e que está a ser feita a devida monitorização das obras e do seu impacto na nascente das águas do Marão.

Apesar da intervenção no interior do Túnel estar interrompida, os trabalhadores continuam no terreno a dar seguimento a outras fases do projecto, nomeadamente à limpeza e arranjos da envolvente da construção.

Com um investimento previsto de construção de 350 milhões de euros, o troço do Túnel do Marão tem 30 quilómetros de extensão, sendo que o túnel propriamente dito, o maior de Península Ibérica, somará 5,6 quilómetros.

O troço, que ligará os concelhos de Amarante e Vila Real, beneficiando directamente cerca de 120 mil habitantes, será depois complementado com a construção da chamada Auto-estrada Transmontana, que, com 186 quilómetros de via, ligará a capital vila-realense a Bragança, num investimento de 500 milhões de euros e constituindo assim a totalidade da A4.

De recordar que, a 24 de Julho, foi marcado o arranque oficial da construção do túnel, sendo que o primeiro rebentamento foi dado exactamente por Mário Lino, ministro das Obras Públicas que, na altura, defendeu que “o país precisa de eficiência. Precisa que se faça bem e com a máxima velocidade possível”.

O governante frisou ainda que a Auto-estrada, que vai ligar o Porto à fronteira de Espanha, é um passo importante no disseminar das desigualdades entre regiões. “Trata-se de concessões muito importantes, que vão servir directamente 250 mil pessoas de diversos concelhos”, explicou.

Sensivelmente um mês depois, as obras do túnel mereceram a visita do primeiro-ministro José Sócrates, que sublinhou igualmente a importância do projecto recordando que, em média, nos últimos dez anos, morreram 24 pessoas por ano no Itinerário Principal número 4, e frisando que o prolongamento da A4 vai “salvar vidas”.

No pico dos trabalhos, o Túnel do Marão vai avançar um total de 20 metros diários, mobilizando cerca de 40 camiões no transporte do material, sendo ainda de contabilizar que serão mobilizadas 88 pequenas e médias empresas e criados mais de 1120 empregos.

Apesar da importância sublinhada por políticos, empresários, instituições e população em geral, este é o segundo revés que a A4 sofre desde o início da sua construção, tendo em conta que também as obras da Auto-estrada Transmontana estiveram na eminência de serem suspensas devido ao chumbo do Tribunal de Contas, o que só não aconteceu porque a empresa que lidera o consórcio responsável recorreu da decisão.

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