A celebração começou às 16 horas após a paramentação na sala do Conservatório de Música, generosamente cedido para o efeito. Presidiu o Bispo da Diocese, D. Joaquim Gonçalves que foi também o ordenante, e concelebraram o Bispo de Bragança Miranda, D. António Montes, o Bispo Coadjutor de Vila Real, D. Amândio José Tomás, e quase todos os Padres de Vila Real, e o Pároco da aldeia natal do Bispo (Revelhe, Fafe).
No início da Missa, logo após a saudação do Presidente, o Vigário Geral da Diocese, Dr António de Castro Fontes, leu uma carta congratulatória do Santo Padre, que publicamos em destaque.
Foram ordenados presbíteros Adão Filipe Macedo de Moura, natural e residente em Viade de Baixo, Montalegre, e Carlos Manuel Dias Rúbens, residente no Salvador, Ribeira de Pena; e foi instituído Leitor Márcio Manuel da Fonseca Martins, e Acólitos Pedro Luís Vilela Ribeiro, de Murça, Marco Paulo Monteiro Amaro, de Folhadela, Vila Real, e Hélder Dinarte Sineiro Libório, da Torgueda, Vila Real
Na homilia, o Presidente, a partir das leituras do dia, lembrou três atitudes fundamentais do padre de mesmo de qualquer cristão: a alegria da fé, o espírito de missão, a intimidade com Jesus Cristo no seu mistério pascal.
Acerca da primeira, citou textos do Papa na sua visita a Portugal e Directrizes enviadas aos Bispos em 2008 pela Congregação para a Educação Católica sobre a formação dos candidatos nos Seminários, afirmando que este deve possuir «capacidade de se entusiasmar pela beleza, entendida como esplendor da verdade, e a arte de a descobrir», e disse que «é possível fazer um curso de teologia sem descobrir o encanto pela revelação e pela pessoa de Jesus, se o estudo não for acompanhado da oração pessoal e da contemplação». «O mesmo acontece, prosseguiu, com muitos cristãos que memorizaram as fórmulas de catequese sem serem acompanhados de piedade pessoal».
A respeito do estilo de missão, comum aos padres e leigos, lembrou que ele inclui a consciência de sermos precursores de Jesus, devendo possuir um estilo empenhado mas não possessivo, nem das pessoas, nem das suas liberdades, nem do êxito pessoal imediato».
Finalmente, e como base de tudo o que fora dito, «a intimidade com Jesus no mistério da Páscoa, de que fala vigorosamente S. Paulo aos Gálatas: «trago no corpo as marcas de Jesus». A este respeito insistiu na oração pessoal, denunciou uma «tendência dos jovens em buscarem um sacerdócio festivo e de protagonismo individual a sonhar com manhãs que cantam sem passar por noites de agonia» e lembrou o exemplo dos discípulos de Emaús.
Na última parte da sua homilia, citou os 21 anos de sacerdócio vividos como presbítero e comparou-os com os outros vinte e nove vividos no grau episcopal: «os primeiros vivi-os na proximidade com o povo e no interior do presbitério diocesano; os segundos, mais distantes do povo e mais ligado às estruturas da Igreja, feito centro do presbitério e membro do colégio episcopal tendo por cabeça o Papa». «É o mesmo sacerdócio, concluiu, em planos diferentes: no primeiro houve alguns espinhos, nos segundos uma coroa dos mesmos com claridade bastante para se poder viver, e segredos ocultos a desvendar no futuro», conforme a estampa impressa para memória do dia.
A data rigorosa dos 50 Anos da Ordenação é o dia dez de Julho, mas a celebração antecipou-se para o dia quatro a fim de coincidir com o dia habitual das Ordenações na Diocese.
Depois do jantar, servido no Seminário, houve um concerto musical constituído por duas cantatas «A Noiva do Marão» (Senhora da Graça) e «Santo António dos Portugueses, em Roma», pelo canto popular dos «Romeiros da Senhora da Graça», pela recitação de «O Outro Jonas» – quatro textos de D. Joaquim Gonçalves, e pela «Tormenta e Largada» (de Miguel Torga).
As cantatas, originalmente compostas para orquestra por J. Santos, foram cantadas pelo Coral de Chaves acompanhado a órgão e trompa, num simplificação do original de J. Santos feita por Nuno Costa, discípulo do autor, mas mantendo sempre a música escrita por J. Santos; o texto de Torga foi cantado conforme o original de J. Santos; «O Outro Jonas» é uma parábola sobre a conversão, feita a partir do transplante cardíaco, e foi recitada por três leigos; os «Romeiros da Senhora da Graça» são um texto popular, escrito pelo homenageado, habitualmente cantado pelos romeiros com a ajuda de um pequeno tambor e de três concertinas, em redor do santuário no dia da festa. Na noite do dia quatro iniciaram o canto fora da Sé e concluíram dentro da mesma em cortejo pelas naves da mesma.
A Sé encheu-se completamente de tarde, tendo assistido o Governador Civil, os Presidentes das Câmaras de Vila Real e de Fafe, terra natal de D. Joaquim, as Autoridades militares e policiais de Vila Real, o Director do Arquivo Distrital; à noite, os bancos foram todos ocupados, tendo algumas autoridades participado também e outras pessoas que vieram somente para o concerto.
Ao Venerável Irmão
Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real
A Ti, Venerável Irmão, que no próximo mês de Julho celebras o Jubileu de Ouro Sacerdotal, de coração Te enviamos estas Letras, para expressar a jubilosa afeição do Nosso espírito e a comunhão fraterna que nos une no Episcopado.
E sabendo que exerceste o ministério sagrado com muito zelo, desejamos aproveitar esta ocasião para te agradecer os muitos trabalhos realizados e recordar os momentos principais do teu apostolado.
Desde jovem, Te sentias chamado para o serviço de Deus e dos homens e, após ter concluído o currículo de estudos no Seminário da tua arquidiocese de Braga e a licenciatura em Filosofia, foste ordenado sacerdote na Sé metropolitana de Braga, em favor da qual sabia e zelosamente exerceste, entre outras, as funções de coadjutor de pároco, professor de Religião e de Moral Católicas e de filosofia no Liceu da Póvoa de Varzim, Vigário Episcopal adjunto da Educação da Fé, Vigário Episcopal do Apostolado dos Leigos e Assistente eclesiástico nacional e local de cursos especiais.
No ano de 1981, o Venerável Servo de Deus João Paulo II, Nosso Predecessor de saudosa memória, vendo as tuas qualidades e o conhecimento das realidades eclesiais, nomeou – Te Bispo Auxiliar da arquidiocese de Braga e, a seguir, Coadjutor da diocese de Vila Real, que depois virias a governar como Pastor.
Obediente ao ministério episcopal exigente, confiante em Deus e, em espírito de serviço, trabalhaste com todas as forças para que os fiéis que te foram confiados fossem solícitos na caridade, alegres na esperança, firmemente fundamentados na fé e assíduos à mesa eucarística do pão e da palavra de Deus.
Ao celebrares a grata memória do sacerdócio, Venerável Irmão, rodeado da jubilosa coroa do clero e do povo, que te apreciam e amam, rejubila em Deus, que Te cumulou de dons e tem presente este cântico de louvor: “Bendiz ó minha alma ao Senhor… Cantarei ao Senhor toda a minha vida, enaltecerei o Senhor enquanto existir” (S 104, 1.33).
Está certo de que Nós, Sucessor de S. Pedro e Vigário de Cristo, no dia da Tua festa, estaremos, em espírito, presentes e dum modo especial pela oração, que, com a protecção de Nossa Senhora de Fátima, que há pouco veneramos no seu santuário, implorando do Bom Pastor, em Teu favor, benemérito Prelado, os dons sobrenaturais e anos cheios de alegria, de consolação e de paz.
Permanecei sempre fortes e alegres no Senhor, Nossos caríssimos Filhos Portugueses.
Vaticano, dia 24 do mês de Junho do ano de 2010, sexto do Nosso Pontificado
Bento XVI