Três dias de competição, 16 corridas, 10 categorias, 4,6 quilómetros de percurso, em 20 curvas, um milhão de euros para a segurança e cerca de 50 mil visitantes. Estes são alguns dos números relativos ao 40º Circuito Automóvel de Vila Real, cuja organização, apesar de marcada pela emoção do regresso das velocidades à cidade, não esquece as suas responsabilidades sociais e ambientais.
Entre os dias 5 e 7 de Outubro, Vila Real volta a ser a Capital Nacional do Desporto Motorizado, com a realização de provas no seu Circuito, um regresso, depois de 16 anos de interregno, que ficará marcado por compromissos de cariz social e ambiental, assumidos por parte da organização, nomeadamente “a atribuição, a uma Instituição de Solidariedade Social regional de parte da receita obtida com as inscrições nas provas” e “a colocação, no perímetro florestal de Vila Real, de cinco árvores, por cada veículo participante”.
Os compromissos foram assumidos, publicamente, por Domingos Madeira Pinto, Vereador da Câmara Municipal vila-realense, entidade que, em conjunto com o Clube Automóvel de Vila Real (CAVR), está empenhada na revitalização do circuito que, entre 1931 e 1991, fez da capital de distrito transmontana “a cidade com mais história no desporto automóvel”.
“O nosso circuito foi sempre um cartaz que pôs Vila Real no mapa, não só nacional, mas também internacional”, sublinhou Manuel Martins, autarca vila-realense, recordando que o desejo da população em ver reactivado o circuito ficou bem patente, aquando da realização do desfile de carros antigos, organizado no âmbito da inauguração do Centro Comercial Dolce Vita, altura em que “havia gente com lágrimas nos olhos”.
Apesar de toda a emoção do regresso das corridas, a organização assumiu, publicamente, “o compromisso de minimizar eventuais impactos negativos, em termos ambientais, que a realização das corridas possa acarretar, colocando, na área florestal de Vila Real, todos os anos, um número significativo de árvores que possam compensar a libertação de gases poluentes (CO2), por parte dos veículos concorrentes, bem como o compromisso de fazer com que todos os intervenientes no evento contribuam, directa ou indirectamente, para o desenvolvimento da actividade de uma Instituição Particular de Solidariedade Social da região”, sublinhou o Vereador, Madeira Pinto.
Outra preocupação sublinhada pela organização foi o facto de o traçado possuir “a vantagem de ter um túnel rodoviário, o qual permite evitar o isolamento que a realização do circuito provoca, nas habitações existentes no seu interior, reduzindo, em cerca de 90 por cento, o número de habitações isoladas pelo circuito”, sendo de realçar que “vão ser criados, para minimizar os inconvenientes para os residentes isolados pela realização do circuito, parques de estacionamento vigiados, no exterior do circuito e facilmente acessíveis”.
Aproveitado cerca de 50 por cento do antigo percurso, o Circuito de Vila Real conta com um traçado de 4,6 km, “composto por parte da Avenida da Europa, na qual se situará a meta de partida e chegada, a Avenida de Osnabruck, a Rua Gaspar Sameiro, a Rua Vasco Sameiro, a Rua de Nossa Senhora dos Prazeres e parte da Rua Visconde de Carnaxide, bem como a Alameda de Grasse, na qual fica situada a área de apoio, implementando-se as mais elaboradas medidas de segurança passiva, a qual consome o maior volume de investimentos necessários a este regresso e que permite dotar a cidade de uma estrutura amovível, apta a acolher eventos de desportos motorizados, para veículos actuais e antigos, de acordo com os padrões internacionais para os veículos de Turismo e Sport GT”, revelou Eduardo Passos, Presidente da Mesa da Assembleia do CAVR.
Com provas para 10 categorias diferentes que vão pontuar para competições como o Campeonato Nacional de Velocidade (PTCC), Campeonato Nacional de Clássicos, Campeonato Nacional de Clássicos de Velocidade até 1300cc e a Taça Nacional de Clássicos, o circuito terá 16 corridas, entre as quais se destaca, também, o Desafio UNO e o Memorial Manuel Fernandes, “em homenagem ao piloto transmontano, recentemente falecido, destinado a carros dos anos 80 a 91 que tenham podido participar no Circuito de Vila Real daquelas épocas”.
João Matias foi um dos amantes da velocidade que, durante vários anos consecutivos, sentiu as emoções das curvas vila-realenses, lembrando, com especial emoção, o facto de ter escapado ileso de um acidente que teve em 1978.
“Nós passávamos o ano todo a sonhar com o circuito”, recordou o piloto que chegou a vencer três edições, na sua categoria.
De recordar que o circuito que, no seu desenho inicial, tinha mais de sete quilómetros de percurso, foi, várias vezes, palco de acidentes mortais, o último dos quais na sua última edição, em 1991, o qual vitimou quatro pessoas, deixando várias outras feridas.
Maria Meireles