Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

“Ou a leva, ou a traz”

Esta frase, dita por pessoa amiga, deixou-me intrigado. O quê? questionei. Afinal, era fácil adivinhar. O vento, que começara a soprar com bastante intensidade. O “a” era a trovoada.

Dois dias depois da tempestade de chuva e granizo que se abateu sobre os concelhos de Murça e de Alijó. Um outro amigo que se juntou à conversa, em forma de queixa deixou escapar um desabafo: querem que façamos seguro, mas nem sabemos como. E as companhias, as que aceitam fazer este seguro, depois, não pagam nada, ou quase nada. A merecer registo.

Soubera que a Câmara Municipal de Alijó tornara pública a intenção de custear o tratamento das vinhas na área afetada pela queda de granizo, sensivelmente, 1600 ha.

Como já é bem conhecido dos agricultores do Douro, as videiras atingidas pelo granizo, se não forem objeto de tratamento adequado o mais rápido possível correm o risco de não produzirem no ano da intempérie, pela destruição dos cachos e no ano seguinte, por dificuldade de cicatrização da videira. Esta é uma opção. Boa para o caso presente. Julgo, no entanto, que se deve procurar uma estratégia que torne efetivo aquilo que se pretendeu com o Seguro de Colheitas, criado em 1996 com o Decreto-lei n.º 20/96, de 19 de março.

Era bom ter uma associação, a Casa do Douro, que, mais que uma vez, avançou com seguro coletivo para toda a Região Demarcada do Douro. Pois, então, que propor, agora?

Nunca é tarde. Tomar a iniciativa de motivar os viticultores para formas associativas de âmbito local, ou sub-municipal, apoiar a sua constituição e funcionamento de modo que se ultrapassem todas as dificuldades, incluindo as de natureza burocrático-administrativas, para se fazerem seguros coletivos, conseguindo-se capacidade negocial para prémios mais consentâneos com as disponibilidades reais dos agricultores e, mais tarde, ultrapassar as dificuldades que se colocarem quando e se surgirem intempéries como a deste ano. Como a de há quatro anos e… outro e outro ano.

Quando se ouvem notícias sobre a Ovibeja ou a Feira de Agricultura de Santarém, logo salta a memória a capacidade reivindicativa de uma determinada organização de agricultores. Por vezes, excedendo-se ao que pode considerar-se razoável. Mas, se pelo Douro já não há entidade capaz, que sejam, então, os municípios a ajudar os agricultores a organizarem-se para fazer face a estes e outros fenómenos e problemas. Como ouvi de alguém, a agricultura é a única indústria que funciona numa fábrica sem telhado!

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