Manuel Martins, presidente da Câmara Municipal de Vila Real, confirmou, ontem, que já recebeu “um pedido de parecer sobre a instalação do estaleiro” de apoio à construção do viaduto da Auto-estrada Transmontana, o que poderá indicar que o início da obra deverá estar para breve.
Segundo o edil, “tudo indica que a obra vai avançar”, pelo menos a autarquia “já recebeu uma correspondência para se pronunciar” sobre a instalação do estaleiro.
Até à hora de fecho do Nosso Jornal, não foi possível entrar em contacto com a empresa responsável pela obra, no entanto, tanto quanto conseguimos apurar, esta também já terá confirmado que a construção da Auto-estrada Transmontana, que vai ligar Vila Real a Bragança, e que inclui a construção da ‘mega ponte’ entre Parada de Cunhos e Folhadela, vai decorrer dentro do agendamento previsto.
De recordar que, sensivelmente há um ano, a Quercus, Associação Nacional de Conservação da Natureza, oficializou uma denúncia à Comissão Europeia onde defendia que, no âmbito do projecto da Auto-Estrada A4/IP4, “mais concretamente do troço entre Parada de Cunhos e a A24”, Portugal estaria a violar directivas do Direito Comunitário.
Além de sublinhar os efeitos nefastos da obra para o Vale do Corgo (Rede Natura 2000 do Sítio Alvão-Marão), os ambientalistas defendem que não foram tidas em conta verdadeiras alternativas ao traçado proposto, nomeadamente o aproveitamento do actual IP4.
Já em Outubro deste ano, veio a confirmação do arquivamento da queixa, a qual foi contestada pela Quercus, que acusou a Comissão Europeia de ter tomado uma decisão “em cima do joelho”, indicando mesmo erros grosseiros na avaliação das alegações feitas na denúncia.
Apesar de ainda não ser conhecida uma nova posição por parte das instâncias europeias, o recurso feito pela Associação de Conservação da Natureza não tem efeitos suspensivos, o que quer dizer que a obra pode arrancar dentro do calendário previsto pela empresa responsável, sendo de realçar que a construção da Auto-estrada Transmontana está já no terreno, pelo menos nos troços que representarão a duplicação do IP4, como é bem visível, por exemplo, na zona de Justes daquele itinerário principal.
De recordar que, segundo o actual desenho, “o Vale do Corgo será atravessado por um impressionante viaduto com 2,7 quilómetros, o que se reflectirá num impacte marcante para a referida área classificada, bem como para a sua zona envolvente, como será o caso da paisagem circundante a Vila Real”.
Com uma extensão total de 186 quilómetros (130 dos quais correspondem a nova construção), a via, que com o Túnel do Marão constitui a Auto-estrada número 4, irá beneficiar directamente os concelhos de Amarante, Vila Real, Sabrosa, Murça, Alijó, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, exigirá um investimento ao nível da construção de 500 milhões e deverá ficar pronta em 2011.