Para os outros és apenas São João da Pesqueira, a vila exígua que se situa no recanto do Douro, lá no Centro, nem para os lados de Viseu (apesar de ser distrito), nem de Vila Real. Costumo dizer que nem uma cidade nem a outra nos quiseram – e nós com isso! Somos felizes ao nosso jeito, cá nas nossas ruas, com as gentes e as festividades para nos arrebatarem os corações. Já para não falar nas 14 freguesias que acolhes!
O rio Douro arremata-nos as boas vindas e deixa-nos logo apaixonados pela combinação perfeita que este tem ao juntar-se com os vinhedos que em tempos outonais nos resplandecem um cenário colorido fascinante.
És arcaica e ai de quem troce de ti à minha frente! Aguentas-te rija com o passar dos anos, e o primeiro foral, apesar de poucos o saberem, foi aqui, entre os anos de 1055-1065, daí que sejas considerada pela UNESCO a vila mais antiga de Portugal.
E que bela és! Que festivaleira és! És a fofoqueira que outras vilas também igualmente o são; tens telhados e casas construídas de xisto na designada Rua dos Gatos; tens a peculiar Praça da República visitada por inúmeros turistas ao longo do ano que enchem as retrógradas ruas e as transformam em agitação no combate à solidão; tens em homenagem ao filho da terra o museu Eduardo Tavares; o recentíssimo Museu do Vinho (não fosses tu pertencente da primeira região vinícola demarcada do mundo, onde nasce o esplendor do Vinho do Porto e outros vinhos de igual estatuto); a famosa Casa do Cabo (outrora um palacete de Brasão Joanino, que nos resplandece pela arquitetura e sua formosura); o tão estimado e apreciado Palácio de Cidrô (onde, ao que se consta, o querido Marquês de Soveral deambulou) e, não me posso esquecer de dois recônditos mágicos que só tu tens: a Ferradosa e o São Salvador do Mundo, onde existem marcas visíveis da passagem dos romanos pelas nossas terras.
Todavia, és ainda: a Festa dos Saberes e Sabores do Douro, em homenagem grandiosa à flor da amendoeira que pincela a paisagem na sua época floral, e festejas o São João; em agosto, já quase a terminá-lo, festejas a Nossa Senhora dos Remédios; e, a minha favorita, confesso, a feira medieval, a Vindouro, festividade essa que até o Marcelinho visita!
Se até ele visita, quem mais poderá resistir-te?
Oh meu Portugal, tens tantos encantos nos recônditos da vida, e eu pertenço a um dos mais belos do mundo.