Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024
No menu items!

Plano Municipal contra a Crise tenta minorar efeitos

“No concelho de Vila Real há famílias que já não têm um euro para comprar pão!”- Este é o alerta de Dolores Monteiro, responsável pela área social da Câmara Municipal de Vila Real. Quando se evoca o “Dia Internacional da Pobreza”, constata--se que centenas de famílias do concelho atravessam graves problemas de sustentabilidade económica.

-PUB-

Um sinal desta crise é o facto do Banco de Alimentos da autarquia vila-realense estar quase a entrar em ruptura, devido ao aumento dos pedidos de ajuda. Aliás, o espectro da fome alastra em alguns agregados familiares.

O Gabinete de Apoio à Crise da Câmara de Municipal de Vila Real não tem mãos a medir, pois tem atendido centenas de famílias. O gabinete tem como objectivo agilizar e tornar acessíveis as medidas previstas no Plano Municipal de Combate à Crise, através do atendimento aos munícipes e do enquadramento na medida que se adequa às necessidades que são apresentadas. Neste momento, está a ajudar uma média de 80 munícipes por mês. Dada a difícil conjuntura que atravessamos, as pessoas sentem dificuldades acrescidas a vários níveis, nomeadamente o desemprego, a necessidade de apoio ao nível escolar, a dificuldade no pagamento da renda de casa, bem como de despesas correntes como a água, electricidade, gás, telefone e outras.

Dolores Monteiro garante que “há pessoas completamente desesperadas a bater à porta da Câmara”. “Só podemos ajudar naquilo que está conferido no Plano Municipal de Combate à Crise. Só por si, a autarquia não pode dar resposta a tudo, pois também sentimos uma falta de resposta do próprio Estado. Neste âmbito, foco uma situação que se prende com o facto da Segurança Social estar a ter em conta rendimentos referentes a 2007. Ora, a partir desse ano quantas alterações se verificaram no rendimento das famílias?” – questiona Dolores Monteiro.

Outra das situações focadas é a chamada “pobreza envergonhada”. “Hoje sentimos cada vez mais esta realidade, pois há muitas pessoas que não vão à «sopa dos pobres» por vergonha”. As ajudas mais solicitadas são fraldas para crianças, leite em pó, alimentos, roupa, mobiliário. “Se um abono de família é de 36 euros e uma mensalidade num jardim-de-infância custa 46 euros, como é possível os pais aguentarem?” – Interroga Dolores Monteiro.

A “geografia” da pobreza tem duas zonas bem distintas: nos meios rurais não é sentida em forma de sobrevivência, já nas freguesias urbanas é mais preocupante. “Sentimos isso nos casais mais jovens, que ficam desempregados e quando o subsídio de desemprego termina, deixam de poder pagar a renda, assim como as facturas da água, luz, telefone. Nesta matéria só podemos suavizar a situação, que atinge patamares dramáticos em muitas famílias”, adiantou a responsável.

Dolores Monteiro apontou prioridades de acção. “Viramo-nos para as crianças dos escalões de ensino mais baixos, nomeadamente o pré-escolar, básico, jardins-de-infância, com o fornecimento de refeições, apoio nos manuais e materiais escolares, habitação social, descontos e isenções nas despesas municipais. Estamos no terreno com as nossas técnicas (fazem relatórios) e contamos também com a colaboração das juntas de freguesia”.

No Plano Municipal de Combate à Crise, a Câmara de Vila Real adoptou um conjunto de medidas que estão a apoiar as famílias mais carenciadas, das quais se destacam a implantação de alguns programas específicos, como o programa municipal de apoio a instituições sociais – PROMAIS, que abrange oito IPSS’s; Conforto Habitacional Municipal, com 50 candidaturas em avaliação técnica e o programa de estágios profissionais – Proactiva, iniciativa que visa a integração de jovens nas actividades profissionais.

Neste contexto, em 2008, a criação de um programa designado “Câmara Amiga” serve para contrapor o aumento da pobreza. A “Câmara Amiga” inclui três serviços que visam apoiar os munícipes, em especial os mais idosos, com a Unidade Móvel de Saúde, a Oficina Domiciliária (112 idosos já beneficiados) e o Banco de Voluntariado e Doação de Bens. Em relação a este último, localizado na Alameda de Grasse, perto do Shop-ping Dolce Vita, está aberto todos os dias, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, aos sábados, das 10h00 às 13h00, para receber bens doados por empresas e particulares, para posteriormente serem entregues a famílias carenciadas devidamente identificadas pelos serviços de acção social do município. Actualmente dá apoio permanente a cerca de 200 famílias, mas no global já prestou apoio a cerca 500 agregados familiares. Em breve, a Câmara Municipal de Vila Real vai avançar com uma outra campanha de recolha de alimentos.

A Unidade Móvel de Saúde, que mensalmente percorre as freguesias rurais do concelho, já atendeu cerca de 2300 utentes. Outras das “armas” de luta contra a pobreza é o Cartão Municipal do Idoso, documento que permite um conjunto de descontos em vários serviços prestados pela autarquia e o seu número impressionante de dois mil utentes reflecte a sua utilidade. O Cartão da Família Numerosa beneficia 331 famílias, e já deu reconhecimento nacional à autarquia vila-realense, uma vez que foi distinguida como Líder das “Autarquias + Familiarmente Responsáveis” em 2009.

Apesar desta panóplia de medidas sociais de apoio, Dolores Monteiro considera que “não chegam para combater a crise”, voltando a referir que “o Estado, através dos seus organismos, tem de assumir as suas responsabilidades e promover mais medidas de apoio junto daqueles que mais precisam. Fico angustiada por ver famílias que por vezes nem sequer têm dinheiro para se alimentarem”, concluiu.

De salientar que, as câmaras municipais de Alijó, Murça e Sabrosa vão ter ao seu dispor cerca de 1,2 milhões de euros no âmbito de um Contrato Local de Desenvolvimento Social Intermunicipal que tem por objectivo o combate à pobreza, à exclusão social e ao desemprego, consequências directas da actual crise económica.

APOIE O NOSSO TRABALHO. APOIE O JORNALISMO DE PROXIMIDADE.

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo regional e de proximidade. O acesso à maioria das notícias da VTM (ainda) é livre, mas não é gratuito, o jornalismo custa dinheiro e exige investimento. Esta contribuição é uma forma de apoiar de forma direta A Voz de Trás-os-Montes e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente e de proximidade, mas não só. É continuar a informar apesar de todas as contingências do confinamento, sem termos parado um único dia.

Contribua com um donativo!

VÍDEOS

Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS