Terça-feira, 3 de Dezembro de 2024
No menu items!
Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Plano Nacional de Investimentos

Ainda bem que se começa a falar em investimento público, agora que esta “Geringonça” está a fazer as malas para nos deixar. Porém, importa questionar, se se trata de um Plano Nacional ou apenas o acentuar da dicotomia Litoral/Interior. 

Tencionávamos trazer este tema apenas como um protesto, quando na última semana nos chegaram duas tomadas de posição, vindas de quadrantes políticos diversos, que mais nos incentivaram a denunciar a situação: de um lado o deputado Luís Ramos do PSD e vários autarcas da Comunidade das Terras de Trás-os-Montes, em conferências de imprensa destintas denunciam que o Governo, em vez de apresentar um Programa Nacional de Investimento – PNI, apresenta um programa metropolitano de investimento, que esquece o interior, explicitando que só para nos Metropolitanos de Lisboa e Porto, serão investidos mil milhões de euros, enquanto nas vias férreas, de que é exemplo emblemático o eixo ferroviário do Douro que ligaria Leixões ao Pocinho, Barca de Alva e Salamanca, não vê praticamente um tostão.

Também Artur Nunes da CIM Trás-os-Montes insiste que nenhum dos corredores transfronteiriços que reclamam, ligando Bragança a Puebla de Sanábria, a conclusão do IC5 e uma nova ligação desde Macedo de Cavaleiros a Vinhais e La Gudiña, insistindo também no eixo ferroviário do Douro até Espanha.

Mais surpreendente para nós, porém, é a tomada de posição firme de Rui Santos, presidente da autarquia vila-realense, que confessa a sua desilusão com o PNI que não contempla, nas suas palavras, qualquer projeto específico para as CIMs do Douro, Alto Tâmega e Terras de Trás-os-Montes.

Perguntando ainda: Onde está a internacionalização da Linha do Douro, ou a ligação rodoviária pelo IC26, que liga Amarante, Mesão Frio, Régua e muito do Alto Douro Vinhateiro?
Voltando ao PNI: novo Aeroporto de Montijo, com ou sem impacto ambiental e ampliação da Portela, parece não oferecer dúvidas, embora Beja pudesse ser uma alternativa, para chegar ao interior alentejano, e não andarmos só a cirandar em volta de Lisboa. O que é escandaloso, porém é o investimento nos Metropolitanos de Lisboa e Porto, em áreas que já não são de convergência, excluídas portanto de Fundos de Coesão e que deveriam, a nosso ver, ser executadas a expensas das próprias autarquias das áreas metropolitanas a que respeitam. A que propósito se desviam verbas destinadas ao interior para as cidades de Lisboa e Porto? Têm agora os senhores deputados, e em especial os da oposição, de mostrar o que valem, não permitindo este esbulho que se quer fazer às regiões que agonizam em termos de desenvolvimento.

No que respeita ao eixo ferroviário Leixões/Salamanca, já está tudo dito. A Comunidade Europeia acolhe esta obra, cujos custos são 2/3 inferiores ao da ligação de Aveiro/Vilar Formoso, pelo que mal se percebe a teimosia em querer esquecer o Vale do Douro, o Alto Douro Vinhateiro e até a complementaridade com a Navegabilidade do Douro. Teremos de fazer com urgência a Petição Pública, que quer a Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e a Fundação Museu do Douro pretendem lançar para que se discuta este tema na Assembleia da República.

Não se pode permitir que seja um Governo, que está de partida, a deixar-nos esta criança nos braços. Unidos, podemos vencer. 

OUTROS ARTIGOS do mesmo autor

Ponto final

O fim do ditador

A Imigração e o Turismo

Um filme interminável

NOTÍCIAS QUE PODEM SER DO SEU INTERESSE

ARTIGOS DE OPINIÃO + LIDOS

Notícias Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS