“É lamentável que se tenha iniciado o processo de discussão pública há dois meses e só agora estejamos na possibilidade de dizer o que quer que seja”, lamentou José Abraão, presidente da Junta de freguesia da Nossa Senhora da Conceição e uma das vozes altamente críticas que se fizeram ouvir durante a sessão pública de discussão da proposta de Revisão do Plano Director Municipal (PDM), organizada pela Câmara Municipal de Vila Real, no dia 22.
Depois de uma apresentação que durou aproximadamente hora a meia, chegou a vez dos cerca de cem participantes do encontro apresentarem as suas críticas, dúvidas e contributos à proposta, cujo prazo de discussão pública termina na próxima semana, mais exactamente no dia cinco de Março.
José Abraão foi um dos poucos presidentes de junta a marcar presença na sessão e uma das muitas vozes contra em relação ao documento. “Se houvesse uma firme intenção de promover o debate público por parte da Câmara seria necessário que esta fosse de encontro às juntas de freguesia, que promovesse várias sessões públicas. Era necessário convocar as pessoas e dar–lhes a oportunidade de colocar claramente os seus problemas”, considerou o autarca, criticando ainda o facto da apresentação feita pelos técnicos que desenharam o PDM e da autarquia não ter sido bem sucedida, tendo em conta que, para além de extensa, não teve a preocupação de utilizar linguagem simples e acessível.
Maria Lucília Cardoso Rocha considerou mesmo que “foi uma tarde completamente perdida”. “Sinto-me um pouco sozinha na defesa não só dos meus interesses mas de familiares que neste momento não estão cá. Não temos quem nos apoie”, lamentou a cidadã vila-realense, que fez questão de participar na reunião agendada pela autarquia, ao contrário de uma grande parte dos presidentes de junta.
“Estamos, neste momento, à espera que alguém nos venha socorrer em Folhadela”, defendeu Maria Lucília Rocha, mostrando-se decepcionada pelo facto da autarca da sua freguesia não ter comparecido à sessão pública de apresentação da proposta de revisão do PDM.
Classificando que se trata de um PDM “sem pés nem cabeça”, a vila-realense sublinhou a importância das “pessoas de unirem para combater” a proposta apresentada e a necessidade de se prolongar mais uma vez o período de discussão pública, uma ideia também defendida por José Abraão.
Cesário Matos, arquitecto e professor, aproveitou a iniciativa da autarquia para promover uma espécie de visita de estudo para um grupo de alunos, no entanto, também o docente revelou que a sua expectativa sobre a sessão saiu “um pouco gorada”.
A dificuldade na visualização e, consequentemente, na compreensão das informações apresentadas em PowerPoint, foram algumas das falhas apontadas. “Para além de se tratar de um tema complexo, o método utilizado não foi o mais adequado”, defendeu o mesmo professor que acredita que, depois de uma apresentação “muito pesada e densa”, as pessoas acabaram por não saírem satisfeitas da sessão.
A má interpretação no PDM de algumas áreas território, os constrangimentos levantados na edificação em espaços agrícolas e rurais e a legalidade da cartografia utilizada, foram alguns dos problemas levantados pelos presentes.
“Depois de nos ter sido dito que o documento é imperfeito, eu começo a questionar a credibilidade daquilo que nos é proposto, sobre aquilo que se vai ou não fazer”, criticou José Abraão.