Domingo, 1 de Dezembro de 2024
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População “desiludida” testemunha que novo estatuto “não trouxe nada” à freguesia

No ano passado a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, a elevação de Lordelo a vila. Para a freguesia vila-realense a elevação representou a recuperação de um título e para a sua população a expectativa de melhores condições de vida, mais serviços e um mais rápido progresso. Um ano depois “está tudo na mesma” e é geral o sentimento de “desilusão” nos lordelenses. O presidente da Junta garante “não estar adormecido” e que existem muitos projectos “em câmara lenta” por causa da crise.

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“Passamos de uma excelente freguesia a uma péssima vila”. É assim que muitos populares vêem hoje o novo estatuto de Lordelo que, em Junho, deixou passar em branco o primeiro aniversário da sua elevação a vila.

O Nosso Jornal foi ouvir a voz dos residentes sobre o balanço do primeiro ano da vila, um balanço “nem positivo nem negativo” porque “está tudo exactamente na mesma”.

De recordar que, de acordo com a legislação em vigor, uma localidade pode ascender a vila se reunir mais de três mil eleitores “num aglomerado populacional contínuo”, sendo ainda exigida a existência de um conjunto de “equipamentos colectivos de natureza diversa e serviços públicos”, nomeadamente centro de saúde, posto dos CTT e dependência bancária, entre outros.

Infra-estruturas e serviços que não existem, nem deram ainda sinal de arranque, o que deixa nos habitantes da nova vila um sentimento de “desilusão”. “Não houve qualquer evolução. Estava à espera que esse salto permitisse uma evolução cultural, desportiva, social. Mas ainda não se viu nada de especial”, revelou um comerciante lordelense que toda a vida viveu naquela freguesia. O morador aponta ainda o dedo à nova proposta do Plano Director Municipal de Vila Real, que, prestes a ser aprovado em Assembleia Municipal, vai travar o crescimento da nova vila.

“Para já, foi uma desilusão completa”, relatou, ao Nosso Jornal, António da Costa, outro filho da terra que não hesita em apontar as necessidades mais básicas da freguesia, como por exemplo a criação de um lar de idosos ou de um parque infantil, estruturas que “há anos estão para ser construídas”. “O aniversário passou em branco porque não há nada para comemorar”, explicou.

Carlos Filipe defende mesmo, em tom irónico, que a data não foi assinalada “porque ninguém se lembrou”. “Não faço nenhum balanço porque não me apercebi de qualquer diferença”, explicou.

Mila Brigas, que há 20 anos reside em Lordelo, e que acompanhou todo o processo de elevação, marcando inclusivamente presença na reunião da Assembleia da República que aprovou a proposta, também tinha elevadas expectativas para a freguesia. Reclamando o que era esperado para uma vila, um posto dos correios, um centro de saúde, um complexo escolar e uma dependência bancária, além de outras infra-estruturas básicas das quais Lordelo ainda carece, a moradora até reconhece que “um ano é pouco tempo”, mas lamenta que “a população não veja quaisquer movimentações” no sentido da concretização dos projectos.

Quanto ao aniversário, Mila Brigas até concorda que em tempo de crise não se deve desperdiçar dinheiro do erário público em simples comemorações. “Podiam antes ter investido o dinheiro de uma eventual festa na instalação de uma placa de sinalização à entrada da vila. Quem não conhece, entra em Lordelo e pensa que é mais um bairro da cidade de Vila Real”, alerta.

Arlindo Campeão, presidente da Junta de Freguesia de Lordelo, deixa uma mensagem de confiança aos habitantes ao reconhecer que “a população de Lordelo merece muito mais”. “Muitos projectos estão em curso, dentro de dois anos já será possível ver melhorias consideráveis na vila”, adiantou.

“A população pode ter a certeza de que eu não durmo em serviço. Sei o que é preciso fazer e assim que seja possível os projectos vão arrancar”, revelou Arlindo Campeão, garantindo que se mantêm vivos os projectos como a construção do Centro Escolar e do Centro de Saúde, a requalificação da Capela de Santa Ana e a criação de zonas de lazer junto ao Centro Cultural e à Igreja, entre outras.

O autarca adiantou que estão em curso um conjunto de outras obras e acções, nomeadamente a remodelação do soalho da escola do primeiro ciclo e a reorganização das ruas com os números de polícia, entre outras, bem como irá começar a construção do lar e o trabalho de alargamento das vias para permitir que a rede de transportes urbanos chegue a toda a freguesia.

“As coisas vão fazer-se. Não é quando nós queremos, é quando houver dinheiro”, sublinhou o presidente de junta, lamentando que, à semelhança do que acontece com o país, os projectos estejam a andar “em câmara lenta”.

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