Portugal é o segundo país da União Europeia (UE) com a população mais envelhecida. Dos 27 Estados-Membros, Portugal foi o país que mais envelheceu em 10 anos, com a idade média a subir 4,7 anos. Em 2022, metade da população portuguesa tinha mais do que 46,8 anos de idade. Os dados são do Eurostat e “pior” só mesmo a Itália cuja média é de 48,0. No lado oposto está o Chipre, onde a média de idades é de 38,3.
Na comparação com 2012, Portugal registou a maior subida na idade média (+4,7 anos), seguindo-se Espanha (+4,3) e Grécia e Eslováquia (+4,1). O Eurostat revela que a idade média cresceu em todos os Estados-Membros, entre 2012 e 2022, à exceção da Suécia, onde se registou um ligeiro recuo de 40,8 para 40,7 anos.
De acordo com o Eurostat, além do aumento da idade média, o rácio de dependência dos idosos da UE, definido como o rácio do número de pessoas idosas (com 65 anos ou mais) em comparação com o número de pessoas em idade ativa (15-64 anos), também aumentou em 2022, ao fixar-se nos 33%, face a 32,5 em 2021 e 27,1% em 2012.
Portugal apresenta o terceiro rácio mais alto de dependência de idosos (37,2%), sendo apenas superado por Itália (37,5%) e Finlândia (37,4%). No fim da tabela, ou seja, os países que apresentam rácios mais baixos, estão o Luxemburgo (21,3%), a Irlanda (23,1%) e o Chipre (24,5%).
“TSUNAMI SOCIAL”
Com a esperança média de vida a aumentar, surge a necessidade de uma política para velhice, até porque em menos de 30 anos mais de um terço da população residente em Portugal será sénior, ou seja, 3,3 milhões de pessoas.
Com o avançar da idade, a solução passa por colocar as pessoas em lares ou residências seniores, mas a falta de vagas é um dos grandes problemas. Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, a falta de vagas “tem de nos preocupar muitíssimo”, admitindo ser “uma das pessoas que pensa que o novo paradigma do envelhecimento deve ser o apoio domiciliário. Temos de fazer um esforço grande para mantermos as pessoas em casa o máximo de tempo possível, sob pena de estarmos a transformar o país num imenso lar”.
“O envelhecimento em Portugal é um verdadeiro tsunami social e é preocupante que o Estado não pareça minimamente preocupado com isso”, afirma.
OFERTA AUMENTA
Portugal é um país envelhecido e, com isso, aumenta o número de lares e outras respostas sociais para idosos. De acordo com a última “Carta Social”, com dados referentes a 2021, existiam, em todo o território nacional, 7 390 respostas sociais, desde Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). Recuando uma década, em 2011 eram 6 531. Mas se formos mais longe, no ano 2000 existiam menos de 1 500 lares em Portugal.
Olhando para a região de Trás-os-Montes, em 2010 existiam 52 ERPI no distrito de Vila Real e 81 no de Bragança, aumentando, em 2021, para 92 e 104, respetivamente. No que diz respeito ao SAD, o número de respostas era de 102 em Vila Real e 91 em Bragança (2010) e de 109 e 91 (2021). Quanto aos Centros de Dia, existiam no distrito de Vila Real 51 respostas e em Bragança 80. Cerca de uma década depois, em 2021, eram 49 e 78. Fazendo as contas, o distrito de Vila Real conta com 250 respostas para idosos (+45) e o de Bragança com 243 (-9).
Ainda assim, a oferta não chega para contrariar o ritmo de envelhecimento da população. Num país que está entre os mais envelhecidos da Europa, a taxa de cobertura das repostas de apoio a idosos não passa dos 11,9%. Para Manuel Lemos, da UMP, “o aumento da oferta de lares não está a ser suficiente para o aumento da procura, até porque a maior parte da nova oferta é no setor privado e orientada para a classe média-alta”.
É CARO SER VELHO
Segundo a plataforma “Lares online”, a mensalidade média cobrada nos lares de idosos é de 1 280 euros, ainda que nas zonas de maior pressão urbana os preços disparem.
Fazendo uma espécie de raio-x ao país, Faro é o distrito onde ser velho é mais caro, com uma vaga a ter um custo médio de 1 645 euros. Segue-se Viana do Castelo (1 548 euros), Porto (1 420 euros) e Lisboa (1 371 euros). Em sentido contrário encontramos os distritos de Vila Real e Santarém, com o custo a rondar os 945 e 997 euros, respetivamente.