Depois de quatro anos de luta contrsa um acordo que previa a devolução do Campo de Futebol de Mateus ao seu proprietário, o clube vila-realense terá que entregar hoje aquele espaço desportivo, anunciou, no dia 25, em conferência de imprensa, José Amorim, presidente da direcção do Sport Clube de Mateus.
Segundo o mesmo responsável, o prazo estipulado pelos advogados de Fernando de Albuquerque, responsável pela Casa de Mateus, termina sem que haja (pelo menos até ontem) uma solução para o clube que há 30 anos aposta na sua Escola de Futebol Juvenil.
Ao início da tarde de terça-feira, o clube reuniu algumas dezenas de pessoas da freguesia no campo, uma espécie de tocar de sinos “a rebate”, para que fosse tomada uma decisão sobre a entrega ou não do clube, tendo se levantado na altura várias vozes de descontentamento. “O Conde devia pensar um bocadinho no que está a fazer”, sublinhou um popular, deixando a garantia de que a população sempre defendeu a Casa de Mateus e recordando um episódio decorrido em 1975, altura em que uma excursão queria entrar à força no Palácio tendo valido a intervenção do povo.
“Eu andei com ele ao colo, como pode fazer isso ao povo de Mateus”, revelou uma senhora já de idade igualmente indignada com a situação.
Entre as garantias que foram dadas por vários populares de que não entregariam hoje o campo, foi criada de uma comissão que se deslocou ontem à Casa de Mateus para dialogar com o Conde, comissão que Domingos Madeira Pinto, vereador da Câmara Municipal de Vila Real, integrou, embora até à hora de fecho ainda não houve resultados da referida reunião. “Custa-me a perceber que alguém queira tirar a oportunidade a dezenas de crianças de praticar uma modalidade desportiva”, revelou o edil, lamentando que o projecto de formação do Sport Clube possa morrer em detrimento de projectos imobiliários, ou de “mais uns terrenos de vinhas”.
José Costa Pereira, presidente da Associação de Futebol de Vila Real, e Eduardo Viana, presidente da Junta de Freguesia de Mateus, também se juntaram à comissão de representantes, revelando que, “dentro das suas possibilidades”, vão ajudar o clube na resolução do problema.
De recordar que a decisão de entregar o campo surge na sequência de “uma transacção celebrada no Tribunal de Vila Real em 1994, entre Fernando Albuquerque e o Sport Clube de Mateus, representado pela direcção da altura”, um ‘negócio’ que consistiu no compromisso, por parte do clube, de entregar o espaço oito anos depois.
“A actual direcção tudo fez para alterar aquela transacção que tanta injustiça e tristeza traz ao povo de Mateus, o que conseguiu, mas infelizmente apenas por quatro anos”, revelou José Amorim, adiantando que, depois do processo ter chegado ao Supremo Tribunal, o clube e os seus sócios “já não têm dinheiro para lutar mais na justiça”.
Alguns populares recordaram ainda que, na altura em que o terreno foi cedido pela Casa de Mateus, há três décadas atrás, ninguém pensou que seria uma cedência temporária e prova disso é que, “até foi perguntado ao Conde que nome gostaria dar ao campo de futebol”, ao que ele respondeu que gostaria que fosse honrado o nome do pai, tendo sido então baptizado o recinto de Campo Francisco S. Botelho Albuquerque. “Alguém faz uma homenagem apenas por alguns anos?”, questionava um sócio.
Até que a situação fique resolvida, os treinos e os jogos deverão acontecer em campos emprestados por outros clubes, sendo de recordar que “na mesma transacção em que o Sport Clube se comprometeu a entregar o campo de Futebol, Fernando Albuquerque comprometeu-se a colaborar na compra de um terreno para a mesma finalidade, ou seja, a prática do desporto pela colectividade de Mateus”, garante José Amorim.
Mais uma vez, o Nosso Jornal tentou entrar em contacto com Fernando Albuquerque que não se mostrou disponível para comentar a situação.
Com mais de 30 anos de existência, o Sport Clube de Mateus conta actualmente com dezenas de atletas nos vários escalões, desde as escolinhas até aos seniores, que este ano disputam a primeira divisão distrital.