Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2024
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“Portugal precisa de investir muito mais na promoção dos seus vinhos”

Dedicando-se quase exclusivamente aos vinhos portugueses, Brandan Garrity importa anualmente para Holanda cerca de 100 mil garrafas que são distribuídas por todo o país. Apostando actualmente no Alentejo, o importador quer agora empenhar-se mais no Douro, uma região com vinhos de “grande potencial no mercado mundial” mas que precisa de maior visibilidade, um maior investimento no marketing.

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“Nos últimos 15 a 20 anos houve uma melhoria significativa ao nível da qualidade dos vinhos em Portugal, mas ninguém sabe”, defendeu Brandan Garrity, um escocês que vende vinhos portugueses na Holanda.

Com cerca de 90 por cento do seu negócio dedicado aos vinhos portugueses, sobretudo aos da região alentejana, o importador esteve, no início da semana, na região duriense para conhecer e provar as marcas da região demarcada mais antiga do mundo.

Interessado sobretudo nos vinhos tintos, Brendam Garrity acredita que estes têm potencial para, dentro de 20 anos, conquistarem o topo de vendas no mercado internacional, posicionando-se ao nível dos melhores tintos de França ou Itália. No entanto adverte, “é preciso um investimento muito maior na divulgação”.

“Nas feiras internacionais de vinho é notória a fraca aposta no marketing, normalmente não há um mapa, um livro”, uma informação mais organizada para dar a conhecer a qualidade dos vinhos portugueses, referiu o vendedor, lamentando também o fraco apoio dado aos importadores por parte da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) que, apesar de tudo, fazem um trabalho meritório, tendo em conta os parcos recursos humanos e financeiros que tem ao seu dispor.

Brendam Garrity acredita mesmo que Portugal deveria aprender, por exemplo, com a experiência da Espanha que tem feito um excelente trabalho na sua promoção no estrangeiro. “Portugal tem tanto para oferecer, mas sem o marketing adequado perde uma grande fatia de mercado”, defendeu.

O primeiro contacto que teve com os vinhos portugueses foi há cerca de nove anos, desde então optou para comercializar quase exclusivamente marcas lusas, importando cerca de 100 mil garrafas por ano, na sua grande maioria proveniente do Alentejo.

“A Garrity tem hoje a maior variedade de vinhos portugueses no comércio holandês”, explicou o empresário, orgulhoso, ao descrever a loja que tem em Amesterdão onde a música ambiente não podia deixar de ser o Fado e onde não falta uma bandeira de Portugal e, num quadro de lousa, algumas frases de poetas portugueses como Fernando Pessoa.

Contabilizando que apenas cinco por cento dos seus clientes são portugueses que residem na Holanda, o importador lembra as dificuldades que teve para inserir o vinho, pelo qual se apaixonou, no mercado holandês. “Apesar de Amesterdão ser uma cidade boémia, onde as pessoas têm um estilo de vida diferente e são abertas a novas ideias”, foi complicado convencer os apreciadores de vinho que Portugal tem um produto de alta qualidade”. A vitivinicultura portuguesa tinha alguma “má reputação” porque havia pouco investimento ao nível na inovação das técnicas de produção, não havia modernização, no entanto, desde de 1992, houve uma revolução dramática e Portugal está hoje a par das técnicas mais modernas, ao nível das regiões vinícolas mais sofisticadas, defendeu.

Brendam Garrity corrobora com a ideia de que a responsabilidade dessa melhoria ao nível qualidade deve-se também aos cursos dedicados aos sector vinícola, nomeadamente o curso de enologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro que tem lançado para o mercado de trabalho “profissionais de alta qualidade”.

Apesar de não ter um curso universitário dedicado ao sector, também o empresário tem se dedicado a divulgar as características dos vinhos e as técnicas de produção portuguesas, leccionando, enquanto formador convidado, cursos no Instituto dos Vinhos de Amesterdão. “Antes pensava-se que Portugal começava e acabava no vinho Porto, o que é claro que não é verdade. Para falarmos sobre os vinhos portugueses temos que falar no Ribatejo, na Estremadura, no Alentejo… no Douro!”, explicou o empresário.

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