O tempo se encarregou de reduzir a zero o que já houve e de diminuir drasticamente aquilo que ainda vai havendo. Não deixa de ser curioso verificar que se defende cada vez mais o automóvel movido a energia elétrica e se despreza essencialmente o que seria muito útil para as pessoas, para a economia e para o ambiente: as vias férreas, os comboios. Ao contrário do que já disse um ex-ministro português dos novos tempos (deveria inteirar-se do que foi feito noutros tempos), não vai haver revolução nenhuma nas acessibilidades por linhas de comboio a regiões que delas muito carecem. A sua expressão (“será a maior revolução ferroviária dos últimos cem anos”) só poderá entender-se pelo seu sentido de ilusão mais ou menos juvenil, alicerçada na possibilidade de em breve se ir sentar no Parlamento Europeu, onde tudo o fascinará, decerto.
Mas andaram bem o Bloco e “Os Verdes” ao salientarem a necessidade de incentivar medidas e factos “reais” em vez de erguer ideias utópicas. O comboio é preciso. É um crime acabar com ele. Compete às populações erguer a voz nesse sentido, aos governantes recupera-lo e incentivar novos traçados. O comboio nos meios rurais e nas regiões do interior é tão necessário e importante como o metropolitano nas grandes áreas de Lisboa e Porto que cada vez mais alastra. Afinal, os habitantes do interior devem ter os mesmos direitos que os do litoral no que se refere a passes bonificados. Porque aqui também se trabalha. As pessoas necessitam de se deslocar de casa para o emprego e do emprego para casa, numa alternativa ao automóvel a gasolina e a gasóleo.
Quanto à recuperação da Linha do Corgo, ainda que apenas entre o Peso da Régua e Vila Real, a ver vamos, como dizia o outro. Mas não se acredita já muito em que isso seja possível. Para além do esforço de quem quer, torna-se necessário o esforço de quem possa …