Diziam os antigos que um homem devia amealhar uns tostões para uma horinha de aflição. Assim, sempre que podiam – ou melhor: nas raras vezes em que umas míseras moedas sobravam – levantavam a tábua do soalho da cozinha, e de lá tiraram uma caixa de metal anti-ratos, onde as depositavam em acrescento ao magro espólio. Nem sabiam ao certo para que lhes serviria aquela pequeníssima fortuna, mas lembravam-se de uma doença traiçoeira, da peste suína que lhes levasse os recos, de uma tragédia qualquer que desabasse sobre a família, ou de qualquer outra manha que o diabo tecesse. No fundo, aquele dinheiro não lhes acrescentava felicidade, mas sim uma certa tranquilidade. Princípio que, infelizmente, se diluiu na voragem dos tempos de hoje, onde se corre atrás do vil-metal, a maioria das vezes para dar com a cabeça na parede, porque um homem não precisa de mais dinheiro do que o que necessita para a sua dignidade. Acima disso, é dinheiro para a sua vaidade, campo largo onde tudo acaba mal, mais tarde ou mais cedo.
Esta mania que tenho de ir buscar histórias de antanho para as comparar com os dias que vivemos, por vezes até a mim me parecem descabidas, porque tenho a nítida sensação de que o homem de hoje não aprendeu a aprender com as lições dos seus antepassados, com a História.
O País já viveu, recentemente, tempos de folga económica, tempos em que tinha dinheiro, tanto que podia, não só poupá-lo, como aplicá-lo bem. E o que fez? Aproveitou a maré de vacas gordas e tratou de engordar o Estado. Multiplicou-o, sucessivamente ano após ano, acabando esta operação por se transformar num vício institucional. O dinheiro foi mirrando mas o vício manteve-se. E o Estado foi
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