Diria até, que um smartphone ocupa a mesma importância, na vida de uma pessoa, que um membro do corpo, um braço ou uma perna, uma vez que sem este objeto não conseguimos sair de casa, trabalhar ou estabelecer relações interpessoais.
A tecnologia invadiu a sociedade, consome-a diariamente e vicia-a numa forma de viver insignificante, sem prazer e sem liberdade, onde o momento já não interessa para nada, mas apenas o registo fotográfico é que conta.
Quantas pessoas vemos, num concerto, a dançar ou a gozar o momento com os amigos? Poucas. São milhares as placas luminosas bem erguidas para captar a melhor foto ou arquivar o vídeo num simples cartão de memória que se assume mais importante que a própria recordação.
As tecnologias, não só smartphones, mas computadores, tablets e as próprias redes sociais vieram acabar com o melhor do ser humano – o convívio. Ainda esta semana, num restaurante, assisti a um episódio que ilustra bem a dependência da sociedade destes aparelhos. Estava um casal de jovens, sentados à mesa, a aguardar o seu pedido. Enquanto a comida não chegava, nem por um minuto se olharam nos olhos ou proferiram qualquer palavra. Ali ficaram durante 15 minutos, em silêncio, imbuídos, cada um, no seu telemóvel, com os rostos iluminados do vazio que consumiam.
No entanto, o que mais preocupa nesta situação é que, neste espaço, este episódio replicava-se a várias mesas, até mesmo, a mesas que estavam compostas por um grupo de amigos, mas que ali estavam apenas de corpo presente, porque, de resto, deambulariam pelas redes sociais.
Todos estes apetrechos estão a consumir-nos. Está na altura de acordar, de nos soltarmos destas amarras e de degustar simplesmente um café sem estar com o telemóvel na mão ou de conseguir suportar uma sala de espera sem wi-fi ou sem telemóvel.