Têm todos a mesma dignidade e os mesmos direitos. Não fazia qualquer sentido a organização social que imperava naquele tempo e que marcou a história da humanidade durante séculos, feita de senhores privilegiados e súbditos ou servos, aristocrata, piramidal, hierárquica, feudal, prenhe de grandes desigualdades e injustiças nos direitos e na distribuição da riqueza do mundo. Todos devem ser irmãos e contribuírem para o bem uns dos outros e não uns viverem para os outros, um grupo de privilegiados, que se consideram superiores aos outros e donos do mundo.
Vivemos tempos de grande indiferença, de descarte, de falta de respeito pelo ser humano e em que prevalece, muitas vezes, uma atenção superficial pelos outros e muito mais pelo migrante ou pelo diferente, ou então interesseira para o dominar e usar para proveito próprio ou de poderes e negócios. A grande revolução que marcou o percurso histórico nos últimos séculos, entre outras também decisivas, foi a revolução francesa, que proclamou para a história a trilogia liberdade, igualdade e fraternidade. A fraternidade ficou um pouco para trás.
Procuremos então promover a fraternidade, mas uma fraternidade concreta e efetiva. De solenes proclamações já está o mundo cheio. Podemos começar por um gesto muito simples: cumprimentar todas as pessoas por quem passamos na rua. Hoje faz-se mais depressa festas a um cão do que se dá um bom dia às pessoas com quem nos cruzamos; lutar afincadamente contra a miséria e todo o tipo de abusos sobre o ser humano, que contribuem para a desumanização do mundo, onde todos merecem viver com dignidade e respeito; usar as redes sociais como instrumento de proximidade e fraternidade e não de mentira, hipocrisia, insulto, malcriadez, desprezo e humilhação dos outros; dar mais tempo para escutar, entender e estar com os outros; valorizar e participar em associações, irmandades, participar ativamente na vida da comunidade, seja paroquial, seja escolar, seja regional, seja grupos de amigos; agir sempre tendo em vista o que é bom para todos e não apenas só para mim, preocupando-me sempre pelo bem e o progresso humano e social da humanidade. Já é um bom começo.