A sua preocupação prende-se com uma possível revisão da rede europeia Natura 2000, onde se insere o Parque Natural.
“Com esta cadência de desmazelo e com os incêndios, tenho a certeza que o Parque do Alvão está numa espiral decrescente, em que a conclusão inevitável poderá vir a ser a sua desclassificação, pois poderá deixar de ter valores naturais para proteger. Não me admira nada que, daqui a algum tempo, haja uma revisão da lei e que o Parque possa mesmo vir a ser desclassificado. Quem perde com isto é a região”.
Este ano, a área do Parque voltou a ser fustigada pelas chamas. “Era de prever. Não tem existido manutenção, nem vigilância, nem há lá brigadas de primeira intervenção, por isso seria uma questão de tempo tudo isto acontecer. Se a situação continuar assim, sem pessoal e sem investimento, vai continuar a arder todos os anos”.
Numa análise ainda superficial, o dirigente de Vila Real da Quercus avançou com o primeiro balanço. “Dentro do Parque do Alvão ardeu a encosta por cima de Dornelas, que é uma área relativamente grande, e a zona por baixo de Ermelo, chegando à “garganta” das Fisgas do Ermelo, além de parte do Monte Domil, que já tinha ardido há vinte anos e agora voltou a ser pasto das chamas. No total, cerca de 700 hectares do Parque Natural foram consumidos. Número preocupante, pois representa cerca de 10 por cento da área do Parque.
Além da floresta, os incêndios destruíram habitats de alguma fauna rastejante existente e zonas de lobo. Uma situação que levou João Branco a evidenciar algumas “coincidências”. “Em Dornelas, no local onde ardeu, está prevista a instalação de um parque eólico, que já teve parecer positivo. Uma outra zona da Serra do Alvão que ardeu, na altaneira de S. Miguel da Pena, também estava previsto um parque eólico que foi chumbado por lá existir uma alcateia de lobos. Agora, essa zona ardeu e não sei o que aconteceu aos lobos, pois há cada vez menos sítios para onde possam fugir”.