Até Outubro vai chegar ao distrito de Vila Real um programa de rastreio da retinopatia diabética que tem como objectivo final abranger toda a zona Norte, um investimento de 6,7 milhões de euros por ano na prevenção da cegueira provocada pela doença que afecta centenas de milhares de pessoas em toda a região.
Promovido pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, o programa arrancou a 19 de Abril, tendo sido já rastreados, no centro oftalmológico do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), mais de dois mil utentes da região do Douro Sul, nomeadamente dos concelhos de Tarouca, Armamar, Tabuaço, Penedono, São João da Pesqueira e Sernancelhe.
Contando com uma taxa de participação de 61 por cento, o programa está prestes a ser alargado para os concelhos do Douro Norte (Alijó, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião e Vila Real) e Alto Tâmega (Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar), onde estão referenciados cerca de 25 mil diabéticos, prevendo-se que chegue a toda a região Norte até 2012.
Com o objectivo de manter os doentes diabéticos controlados no aspecto oftalmológico, o programa prevê que dos 100 mil utentes a participar no rasteio, cerca de 10 mil poderão precisar de tratamento.
Actualmente, o centro oftalmológico da Régua está a rastrear os pacientes de Lamego, sendo de realçar que os utentes são referenciados nos centros de saúde enquanto doentes diabéticos, para depois serem chamados para fazer o rastreio.
Diariamente são mais de cinquenta os utentes que se deslocam dos vários concelhos do Douro Sul, com transporte gratuito garantido pelas respectivas câmaras municipais, para a Régua, dos quais cerca de cinco por cento precisa de tratamento.
Num território com cerca de 25 mil diabéticos referenciados, o objectivo é passar de uma taxa de participação de 61 por cento para 90 por cento.
A retinopatia diabética “é uma manifestação ocular da diabetes e uma das principais causas de cegueira”. “O aumento dos níveis de açúcar no sangue (glicemia), que caracteriza a diabetes, causa alterações nos pequenos vasos sanguíneos da retina no interior do olho. Os vasos alterados deixam sair líquido e sangue para a retina, reduzindo a visão”. “Numa fase inicial da patologia não há sintomas, daí a importância dos diabéticos vigiarem a sua visão, através de exames médicos oculares regulares”, alerta a ARS Norte.
Apesar de estar direccionado ao rastreio da retinopatia diabética, o programa serve também para detectar outras patologias relacionadas com os olhos.
Com uma vasta equipa de oftalmologistas, optometristas, técnicos de ortóptica, anestesista, enfermeiros e administrativos, o centro oftalmológico da Régua está preparado para avaliar o paciente e encaminhar para tratamento, e em casos urgentes é possível mesmo fazer de imediato o tratamento a laser da vista.
O passo seguinte do programa será alargar o rastreio aos centros hospitalares do Nordeste, Entre Douro e Vouga, Porto, Hospital de São João e Unidade Local de Saúde do Alto Minho, estando previsto que as restantes unidades hospitalares sejam abrangidas na totalidade até 2012.