Desse grupo, para além do autor destas linhas, fazia parte, entre outros, o Luís Correia, Pedro Macedo, Manuel Seixas Magalhães, Paulo Azevedo, Fernando Araújo, Humberto Gaspar, Anselmo, Flávio, Raul Coutinho, Consciência e o saudoso Alves Ferreira.
Cinquenta anos na vida de uma pessoa ou de uma instituição é muito tempo, e apesar de muitos dos acontecimentos vivenciados desparecerem, do nosso registo memorial, com o distanciamento temporal, há sempre alguns que permanecem bem vivos na nossa memória. Nesse sentido, recordo dois deles, dessa época marcante da minha juventude. Um, de características sentimentais e emocionais, foi o desaparecimento abrupto do Nene, camarada do meu pelotão, atleta da Briosa, num acidente de viação próximo da Figueira da Foz, num fim de semana de agosto de 1970. Jogador muito promissor, que se preparava para ingressar no Sporting, como profissional da modalidade. O outro, de repercussão nacional e internacional, foi a morte de Salazar, ocorrida a 27 de julho, desse ano, que nos passou totalmente ao lado, talvez porque a continuidade do regime tinha sido assegurada com a tomada de posse de Marcello Caetano, dois anos antes e o seu desaparecimento, a curto prazo, era mais ou menos previsível desde que foi vitima de um AVC, na sequência do acidente sofrido no Forte de Santo António da Barra, no Estoril, em agosto de 1968.
A convivência com pessoas de outras regiões do país, de diversos estratos sociais, com hábitos culturais e mentalidades diferentes, contribuiu para o enriquecimento da nossa formação humana e espiritual. Isso é inquestionável. Quem pensar o contrário está a faltar à verdade.
Não obstante a prepotência de alguns, regulamentos e restrições sem sentido, acho que valeu a pena ter vivido essa fase da minha vida, pela camaradagem e amizades conquistadas, que ainda hoje perduram em muitos de nós.
PS: Aproveito para agradecer, ao Dr. Barroso da Fonte, as referências elogiosas que amavelmente teceu ao testemunho, sobre o Padre Borges, que aqui subscrevi na última crónica.