Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2024
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Reflexão de Domingo dedicada ao Sacerdócio de Jesus

Sem nunca o dizer expressamente, Jesus Cristo foi, de modo pleno, sacerdote e vítima, e exerce permanentemente o sacerdócio, disse na Sé, no Domingo passado o Bispo da Diocese.

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Depois de duas palestras dedicadas ao sacerdócio levítico e aos sacrifícios no Antigo Testamento, a reflexão do Domingo passado foi dedicada ao sacerdócio de Jesus. Essa doutrina é exposta na carta aos Hebreus e dirigiu-se historicamente aos sacerdotes judeus convertidos ao cristianismo e saudosos do esplendor do culto levítico no templo de Jerusalém em contraste com a discrição do culto da Eucaristia.

Na sua conferência, o senhor Bispo convidou os fiéis a lerem devagar aquela carta e lembrou alguns tópicos fundamentais. «O sacerdócio de Jesus inclui a ideia de «Mediador». Jesus é Mediador, não por se colocar generosamente entre dois opositores desconhecidos, mas por Ele próprio ser Deus e Homem, constituindo, na unidade de uma só pessoa, a ponte plena entre Deus e o homem, entre o céu e a terra, entre o tempo e a eternidade», disse.

Nem antes nem depois d’Ele houve alguém capaz dessa mediação. O texto refere as palavras de Jesus na Incarnação: «não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste- -me um corpo. Eu venho, ó Pai, para fazer a vossa vontade». E continuou: «o sacerdócio de Jesus é santíssimo, imaculado, permanente, eterno. É mesmo o único sacerdócio, pois tendo subido ao céu, Ele continua aí o seu sacerdócio em favor do mundo. Ao baptizar, ao confessar, ao celebrar a Eucaristia e outros sacramentos, é sempre Cristo que actua. Os padres e bispos não «sucedem» a Jesus Cristo, mas unicamente «dão-lhe visibilidade histórica e ministerial», tornam sensível e perceptível o sacerdócio de Jesus. A hipotética vida de pecadores ofusca, vela em vez de desvelar o sacerdócio de Jesus, mas não lhe retiram a validade. É certamente uma tristíssima situação, semelhante ao homem esfarrapado que leva barras de ouro, mas a verdade é que os trapos não desvalorizam o ouro».

Jesus nunca ofereceu sacrifícios de cordeiros nem de cabrito nem de incenso no templo de Jerusalém. Mas «deu» a sua vida desde o presépio, fez de Si mesmo um «cordeiro», entregou-Se, ofereceu-Se. É essencial compreender esta atitude basilar de Jesus: muitos homens morreram na cruz antes e depois d’Ele, mas nenhum morreu «pela remissão dos povos» nem nenhum tinha capacidade de fazer da sua vida e morte um «sacrifício redentor». A aceitação da morte por parte de Jesus tem de ser entendida como a consequência de Ele querer manter até ao fim a fidelidade a tudo quanto havia ensinado sobre o amor do Pai ao mundo. O lema do Ano Sacerdotal é exactamente «fidelidade de Cristo», o seu amor ao Pai e ao mundo, e a fidelidade do sacerdote que torna visível esse amor de totalidade.

Assim como o derramamento de sangue não é essencial à ideia de sacrifício (mas a oferta amorosa), assim o sofrimento de Jesus não é a tónica maior da sua morte. O vigor redentor vem-lhe do amor, da fidelidade. A correcta compreensão do «sacrifício» é essencial no cristianismo, para que não se faça dele uma religião da violência do sagrado, como temia, há anos, o Eduardo Prado Coelho nas conversas pouco conversadas com o cardeal Policarpo.

No próximo Domingo a reflexão prossegue com a análise dos textos das anáforas eucarística e do sacerdócio dos fiéis.

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