Oriundo de família numerosa e pobre, entendeu emigrar para o Brasil em 1962. Em 1971 gravou o seu primeiro disco, que lhe valeu o top brasileiro. Desde logo deambulou entre o Brasil e Portugal, sempre em ascensão artística. Nessa altura fixou residência em Sintra e no Brasil. O Jornal Notícias de Trás-os-Montes, que se publicava em Lisboa noticiou, em caixa alta, que em 1995 já tinha vendido nessa altura dez milhões de discos. No Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto Durienses, saído em 1998, lia-se que até essa data Roberto Leal já tinha conquistado mais de 500 prémios e condecorações pela diáspora da portugalidade, pois os caminhos da Lusofonia, cruzaram-se do Oriente a Ocidente. E os discos de Roberto Leal, eram bagagem obrigatória, ao lado de Linda de Suza, Amália, Carlos do Carmo, António Sardinha e Alfredo Marceneiro. Lê-se ainda neste Dicionário que participou em mais de seiscentos programas de televisão e entre 1995 e 1996, foi responsável de um programa musical da sua inteira responsabilidade. Mas com a mudança de governo foi «saneado» e o famoso cantor teve de regressar, definitivamente ao Brasil, com a mulher e filhos. Toda a sua música primava pela temática da portugalidade, da família, do humanismo cristão. Aqueles que, antes e depois, da revolução dos Cravos, tiveram de emigrar para sobreviver, reviam-se nessa temática que alegrava o corpo e a alma.
Mas nesses anos apostados no desmantelamento dos usos e costumes, os quadros políticos já medravam no lamaçal da sociedade. Ser cidadão aprumado, limpo, cioso dos seus descendentes, dos seus hábitos, contaminou-se. E depressa os vícios ultrapassaram os bons costumes, os nobres princípios propósitos de privilegiar os valores nacionais.
Tive o privilégio de, em 1987, na qualidade de vereador da Cultura da Câmara de Guimarães, convidar Roberto Leal, para dar um espetáculo musical, com a sua banda. Esse espetáculo decorreu no centro do estádio municipal da cidade. Com o palco, devidamente preparado, contou com muitos milhares de presenças, porque Roberto Leal, nessa altura, gozava de grande popularidade e o show tinha entrada gratuita. Celebrava a cidade Berço, com essa animação o dia das Comunidades Luso-Brasileiras. Só nessa altura o conheci pessoalmente. Mas nunca deixei de o admirar.
Dia 15 do corrente soube da sua morte pelas diferentes televisões. Se fiquei triste pela sua perda, tive, por outro lado, a oportunidade de verificar que os diversos canais televisivos, que apenas costumam trazer à luz do dia, os artistas da cidade – desta vez – fizeram justiça a um enorme Português, que passou a vida a alegrar os palcos, os auditórios e recintos públicos com temática Lusófona, em linguagem fraterna, nacionalista e cristã, sem vergonha, como tantos outros, da usar a nossa maior riqueza que é a Língua. Saúdo o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, pela justa, oportuna e ajustada mensagem que traduz o que deixo dito.