Terça-feira, 30 de Abril de 2024
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“Sempre quis ser árbitro”

Nuno Silva tem 19 anos e é árbitro há seis, sendo esta a sétima época em que apita jogos na Associação de Futebol de Vila Real (AFVR).

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Desde cedo se encantou pela figura do árbitro, “alguém que estava no meio do campo, com uma camisola diferente, com um apito e que controlava o jogo”, encarando-o “com olhar diferente de um adepto normal”.

E se muitas crianças têm o sonho de ser jogador de futebol, Nuno admite que “sempre quis ser árbitro”. Apesar de gostar do desporto rei, nunca jogou, a não ser no recreio.

A oportunidade de arbitrar surgiu quando tinha 13 anos, num torneio com equipas jovens. “Aproveitei a oportunidade por curiosidade e desde aí ficou o bichinho pela arbitragem”.

Foi depois convidado para participar num curso e os fins de semana são passados a apitar jogos de futebol, encontrando-se agora a arbitrar jogos dos seniores da Divisão de Honra, no quadro C5, em que é o mais jovem na AFVR. A oportunidade para começar a arbitrar surgiu fortuitamente, mas “o que aconteceu depois não foi um acaso”.

Mesmo tendo ido estudar direito em Coimbra, fez questão de continuar na AFVR. “Nunca equacionei uma possível transferência, não iria virar costas a quem me ajudou, à associação que me formou, que me dá asas para poder almejar patamares mais altos, é a minha casa”, frisa o jovem.

“Sem erro nunca irei evoluir. Não pode haver ilusões que os árbitros vão acertar sempre”
NUNO SILVA,
ÁRBITRO

Treina duas vezes por semanas e aos fins de semana a rotina é preenchida por jogos e viagens. “Não chego a estar 48 horas em Vila Real, venho cá ao fim de semana e a maior parte do tempo é dedicado à arbitragem”. Como há falta de árbitros, é costume fazer vários jogos ao sábado e domingo. “Normalmente faço três, por vezes quatro, no fim de semana. É uma rotina preenchida, passo imenso tempo na arbitragem, mas também é na arbitragem que me sinto bem, que fiz imensos amigos e cresci”. Mesmo que implique sacrifícios, admite que a paixão pela arbitragem compensa.

Garante que sempre foi bem recebido, “com a piada de ser um rapaz mais novo a entrar na arbitragem”. Apesar de alguma estranheza ao início, em particular dos espectadores, pela sua juventude, afirma que por parte dos jogadores e das equipas nunca se sentiu desrespeitado. “Podiam olhar-me com desconfiança, mas com o passar do tempo esse olhar de lado foi-se esbatendo, porque fui dando provas que enquanto jovem conseguia fazer o mesmo trabalho que alguém com mais experiência”, frisa.

Esta atividade nem sempre é a mais acarinhada pelos adeptos, mas admite que tem de saber viver com as críticas e frisa que é preciso falhar para progredir. “Fala-se muito do erro, mas sem erro nunca irei evoluir enquanto árbitro, se não falhar no campo nunca irei perceber as minhas fraquezas e não pode haver ilusões que os árbitros vão acertar sempre. O árbitro está suscetível ao erro”.

Apesar de entender que ainda há “um caminho muito longo a fazer na forma como se olha os árbitros e o futebol”, acredita que hoje em dia os adeptos estão mais informados e “a cultura do futebol já evoluiu imenso” e, desde que começou, nota “uma diferença na forma como as pessoas encaram a arbitragem” e “não veem o árbitro de forma estruturalmente negativa”. “A arbitragem evoluiu, mesmo em Vila Real temos árbitros internacionais, na primeira divisão, este trabalho foi positivo para a arbitragem internamente e na imagem externa”. Além disso considera que o futebol jogado é melhor e “isso também ajuda as equipas de arbitragem”.

Claro que num jogo de emoções como é o futebol há por vezes exaltação e o árbitro ainda é muitas vezes o alvo. Nuno garante que a preparação psicológica é muito importante. “O árbitro tem de ser alguém estrutural e mentalmente forte, quer pela necessidade de concentração naqueles 90 minutos, e tem de saber fechar-se em si e ter a capacidade de não se afetar por interferências ou atitudes externas”.

Passou pela formação, e chegou aos seniores como assistente em 2018, e a partir de 2022 como árbitro principal. “É o papel que gosto mais de exercer neste momento”, admite. O objetivo mais próximo é passar para o patamar seguinte e apitar nacionais. “A curto prazo o meu objetivo é ascender às competições nacionais, a médio prazo é consolidar-me enquanto árbitro para depois almejar patamares mais altos”, aspirando mesmo ser árbitro internacional e a chegar à I Liga. “Faz sentido uma pessoa sonhar, mas não para já falar sobre isso nesta fase, não poderei saltar etapas”.

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