Apesar de ser considerada como uma das áreas de maior risco do concelho, a Zona Industrial de Vila Real mantém algumas falhas no que diz respeito a dotação de condições para a actuação dos meios de socorro em caso de acidentes, explicaram ontem os Bombeiros da Cruz Verde, depois de um simulacro no depósito de gás natural liquefeito da Duriensegás, operadora de distribuição da Galp Energia.
Se o simulacro, que envolveu o socorro a uma vítima durante uma fictícia fuga de gás durante o processo de abastecimento a partir de um veículo cisterna e o combate a um incêndio, teve “um saldo muito positivo” no que diz respeito a actuação dos soldados da paz vila-realenses e da equipa técnica da empresa, o mesmo não se pode dizer das condições que os bombeiros encontraram na Zona Industrial.
Miguel Fonseca, comandante daquela corporação da cidade de Vila Real, revelou desde logo uma falha óbvia, “a inexistência de marcos de abastecimento de água”. No entanto, todo o Plano de Emergência daquela zona empresarial e industrial “deve ser agilizado”.
“Há um organismo responsável pela gestão da Zona Industrial que deveria ter a preocupação de dar condições” para a actuação dos agentes de protecção civil em caso acidentes, como por exemplo incêndios, defendeu o comandante.
Miguel Fonseca explicou que, como corporação responsável por aquela área, a Cruz Verde está a fazer um levantamento dos maiores riscos existentes, um trabalho extenso que ainda está “longe de estar concluído”.
A Cruz Verde tem vindo, inclusivamente, a encetar esforços no sentido de estabelecer parcerias com as empresas e indústrias localizadas naquele espaço para, em conjunto, testar as questões de segurança. O simulacro realizado ontem é exactamente o resultado de um acordo com a Duriensegás, que implica, para além deste tipo de exercícios, o intercâmbio de conhecimentos entre os soldados da paz e as equipas técnicas da própria empresa.
“Esta simulação representa o culminar de uma acção de formação que decorreu nos últimos dias”, explicou Miguel Fonseca revelando que, se por um lado a empresa forma os bombeiros relativamente aos procedimentos específicos a ter nas suas instalações e com os seus equipamentos, também os bombeiros ensinam as suas técnicas de protecção e socorro.
Para além de socorreram um fictício funcionário que ficou inanimado depois num cenário de uma fuga de gás durante um processo de abastecimento, os bombeiros da Cruz Verde também procederam a actuar num incêndio, obviamente também simulado, numa conduta de distribuição subterrânea.
O comandante fez um balanço muito positivo de todo o simulacro revelando apenas que, em relação a actuação dos bombeiros, o único problema foi chegar ao local, devido ao volume de trânsito no centro da cidade. “E hoje nem sequer é um dia de feira”, advertiu o mesmo responsável.
Também Mário Viancino, da Galp Energia, classificou a actuação dos bombeiros como “óptima”, realçando no entanto que, apesar da aposta da empresa na segurança (prova disso é a realização de, “no mínimo”, um simulacro por ano em todos os seus 21 depósitos localizados de Norte a Sul do país), o risco de um acidente é extremamente reduzido. “Não existe histórico em Portugal, ou em Espanha, de um acidente do género num depósito de gás”, garantiu.
Participaram no simulacro 21 homens da Cruz Verde apoiados por cinco viaturas, “contabilizou” Miguel Fonseca, deixando a certeza que a corporação está aberta a colaborar com as empresas da zona para que possa ser garantia todas as questões de seguranças das suas instalações.