Em Portugal, esta celebração Pública começou com o Rei D. Afonso III, mas a procissão só com D. João I, que se estendeu, rapidamente, a todo o país. Em Lisboa, tomavam parte o Rei, o príncipe e outros membros ilustres da Corte, segurando as varas do pálio, sob o qual o patriarca conduzia o Corpo de Deus na sagrada custódia. Este bom costume estendeu-se a todo o país, seguindo o ritual de Lisboa. Esta é a parte histórica.
Vamos, agora, à profundidade do mistério. Quando duas pessoas se amam muito ou, num grupo, o protagonista tem de se apartar do grupo (não disse “abandonar”), avisa a pessoa ou o grupo. Foi o que fez Cristo: “Dentro em pouco, partirei para o Meu Pai e vosso Pai!” – mas, quando a pessoa que se aparta tem modo de deixar algo que, do melhor modo possível, pode substituir ou compensar a sua presença, fá-lo-á. Foi, precisamente, o que fez Cristo.
Parafraseando o Pe. Duns Stopo, sacerdote espanhol, dos séculos XIII, que se dispôs a pregar, intensa e extensivamente, a teologia sobre a Imaculada Conceição, fundamentou a sua tese em três pilares essenciais: “Convinha/Deus podia/Fê-lo”. Transpondo estes princípios para Cristo e seus Amigos que formavam a Igreja, Cristo prometeu-lhes: “Vou partir, mas ficarei convosco todos os dias até ao fim dos tempos”. Para “ficar”, a melhor maneira será pessoalmente, na sua totalidade máxima, em Corpo, Alma e Divindade. – Convinha que assim fosse para: O possuirmos, o mais possível, junto a nós – o que facilita um maior fervor, e perseverança no nosso amor; para o adorarmos junto a nós) no sacrário; o conduzirmos em adoração processional e pública; O darmos, como “viático” (companheiro de via, caminho) para a eternidade, aos doentes, sobretudo quando estão mais prestes a deixar este mundo e a prepará-los para um encontro mais fácil com este Cristo e a Sua bem-aventurança; para o recebermos, comungarmos, no sacrário do nosso peito, na patena da nossa língua, no presépio do nosso coração! – Ele próprio adiantou: “Vou dar-vos a comer da Minha carne e a beberdes do Meu sangue”. – Cristo apercebeu-se de que os fariseus se interrogavam uns aos outros: “como pode ser?” – Cristo adiantou: “Quem não comer da Minha carne e não beber do Meu Sangue, não é digno de Mim nem terá parte Comigo no Reino dos Céus!” – Portanto Cristo faz depender a “salvação eterna” de cada um, da comunhão eucarística permanente; isto é, pelo menos dominical ou como a cada um for possível!…
DEUS PODIA – ninguém pode duvidar, muito menos, negar! Podeis, se Ele criou o mundo, pode moldá-lo como desejar!… – E FÊ-LO! – Na quinta-feira (santa), durante a última “ceia” com os apóstolos, oportunamente, tomou um “pão”ergueu os olhos ao Céu, traçou sobre ele um gesto de bênção e repartiu pelos apóstolos e disse: “Tomai e comei; Isto é o Meu corpo que (brevemente) vai ser entregue por vós, para perdão dos vossos pecados. De seguida, tomou uma taça com vinho, repetiu os mesmos gestos… e disse-lhes:”Tomai e bebei todos; Isto é o Meu sangue que (brevemente) vai ser derramado por vós, para perdão dos vossos pecados. Isto que eu fiz, sempre que fizerdes, seja em Minha memória…fazei isto até que Eu venha, no fim dos tempos, pois estarei convosco todos os dias”!!!
Na sexta-feira (santa), isto é, no dia seguinte ao que se passou na quinta-feira, que cenas se passaram?! – Aquela multidão ingrata, tresloucada, frenética, histérica, pediu a Pessoa de Cristo para fazerem D’Ele “gato-sapato” e entregá-lo para ser crucificado na cruz, perfurar o Seu peito, donde saiu sangue, depois água, pois “o sangue já estava todo “derramado”, como Cristo predissera na quinta-feira! – Vejamos: – poderá haver maior coincidência entre as preditas palavras de Cristo e estes acontecimentos, naquela sexta-feira?! – Há coincidências, nas palavras de Cristo e os factos; na oferta do corpo e sangue de Cristo, saídas da Sua boca como filigranas do ouro mais puro, mais fino, mais celestial e a Sua entrega, no dia seguinte?!!!…
– Vou confidenciar aos leitores porque são meus amigos: “Este é o Mistério que dá sentido à minha vida – para viver entre Vós!!!