“Temos que ser capazes de surpreender pela positiva na forma como recebemos os turistas, temos que ser capazes de inovar”, frisou António Martinho, presidente da Entidade Regional de Turismo do Douro (ERTD), durante a apresentação, no dia oito, do Sistema de Incentivos à Inovação do Pólo de Competitividade e Tecnologia – Turismo 2015.
Os dois concursos, que têm como prazo limite o dia um de Fevereiro, têm como objectivo apoiar os mais variados projectos como a criação de estabelecimentos hoteleiros, parques de campismo, unidades de agro-turismo, equipamentos de lazer, empresas de animação ambiental, cultural ou desportiva com interesse para o sector, entre muitos outros, e ainda a reconversão de empreendimentos já existentes.
No que diz respeito ao aviso referente à “Inovação Produtiva”, o sistema de incentivos prevê apoiar projectos com custos entre os 150 mil euros e os 25 milhões. No âmbito do segundo concurso, direccionado a projectos para a qualificação de Pequenas e Médias Empresas, são considerados como passíveis de serem apoiadas candidaturas com valores entre os 50 mil euros e os 2,5 milhões, sendo que esses serão comparticipados até 45 por cento, uma taxa que pode ser acrescida em mais dez por cento tendo em conta por exemplo o tipo da empresa, o facto de ter um carácter feminino ou jovem e a estratégia.
No total, o sistema de inventivos prevê um investimento nacional de 31 milhões de euros, dos quais apenas três milhões serão injectados na região Norte. “Achamos sempre pouco”, sublinhou António Martinho sobre o bolo financeiro, sem no entanto lembrar um aspecto importante deste novo quadro, o facto de haver um orçamento específico para o sector do turismo, o que não acontecia antes. Ou seja, os projectos turísticos candidatados concorrem apenas entre si e não com outros empreendimentos do sector económico como, por exemplo, na área da indústria.
O presidente da Turismo Douro frisou ainda que “esta é uma oportunidade que o Douro tem que saber aproveitar” e, por isso, a Entidade Regional está à disposição dos empresários para prestar apoio na criação dos seus projectos inovadores.
Pese embora as últimas estatísticas relativas à taxa consolidada de ocupação de camas coloque o Douro no primeiro lugar dos destinos nacionais aos fins-de-semana, o objectivo da região duriense é duplicar o número de dormidas até 2015, um desígnio que representa, consequentemente, a necessidade de um aumento significativo no número de camas.
Delfim Mendes, empresário que tem em curso a construção de um Hotel de quatro estrelas no Douro, foi um dos participantes da sessão de apresentação do Sistema de Incentivos, do qual tem esperanças de vir a beneficiar. “Já estamos na fase de acabamento, temos autorização para a criação de 28 quartos e esperamos que sejam aprovados mais 14”, explicou o proprietário do Delfim Douro Hotel.
Apesar da abertura da nova unidade hoteleira ter data marcada já para este ano, Delfim Mendes recorda as dificuldades que teve que ultrapassar e as burocracias que tiveram que ser contornadas num processo que decorreu durante mais de três anos.
O investimento de oito milhões de euros, já comparticipados pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional em cerca de 1,4 milhões, que o empresário tem em curso no Douro é apenas mais um da sua lista, no entanto, como garantiu, “foi muito mais difícil a sua concretização do que a de outros investimentos, também em unidades hoteleiras, que levou a cabo noutros pontos do país, como por exemplo no Sul do país”.
“Conheço empresários que queriam investir no Douro e desistiram”, garante Delfim Mendes, revelando que, apesar das adversidades, decidiu dar continuidade ao projecto porque sempre teve o desejo de investir na sua terra natal, Lamego.
Segundo a ERTD, existe na região um total de 3200 camas, dívidas por 120 estabelecimentos, dos quais apenas um tem a classificação cinco estrelas, três têm quatro e outras três têm três estrelas, sendo que as restantes contam com outras denominações como pousadas ou estalagens.
No entanto, se a exigência de reconversão das unidades, um processo que deveria ter encerrado no final de 2009 mas que acabou por se prolongar até o fim deste ano, não decorrer com sucesso, “a região pode vir a perder metade das suas camas”, garantiu Fernando Ferreira, da Turismo do Douro.
António Martinho mostrou-se muito confiante na resposta dos empresários a este processo, revelando mesmo que, por exemplo em Vila Real, já há vários interessados, como uma pensão que está a fazer um projecto para ser classificada como um Hotel de Charme. As unidades que não procederem à sua reconversão perdem a sua denominação e passam a ser consideradas como alojamento local.